Os genes dos humanos modernos têm mais semelhanças genéticas com os de gatos do que com os de cães e ratos, de acordo com uma nova pesquisa publicada no periódico Trends in Genetics.
A mesma equipe responsável pela pesquisa vem, por conseguinte, estudando o genoma de gatos nos últimos anos. Os pesquisadores, inclusive, criaram o mapeamento genético de um gato mais detalhado já feito. Esses dados, inclusive, são mais precisos do que qualquer mapeamento já feito em canídeos.
Agora, contudo, a equipe foi além e publicou uma pesquisa que critica um paradigma na pesquisa biológica: os modelos de pesquisa. Em geral, os ratos dominam os laboratórios, servindo como modelos para o que seria o organismo de um ser humano. Contudo, pesquisas podem ainda usar camundongos, coelhos, cães e macacos para simular o organismo humano.
De acordo com a pesquisa, gatos têm mais semelhanças genéticas na ordem e sequência de certos genes d oque se encontraria em cães e ratos. Uma das autoras, Leslie Lyons afirma que cães e ratos têm cromossomos rearranjados, o que permite uma variabilidade significativa em relação aos humanos. Portanto, a equipe sugere que os gatos são uma potencial ferramenta em estudos clínicos – que tem sido ignorada até o momento.
Mapeamento das semelhanças genéticas
Apesar do sequenciamento genético ter ficado bastante acessível depois do Projeto Genoma Humano, poucas espécies têm seus genes completamente mapeados. Assim, os autores indicam que os gatos podem ter ainda mais semelhanças genéticas com seres humanos. Isso pode acontecer com outros organismos, também, dos quais não temos acesso ao sequenciamento ainda.
Uma das possibilidades citadas por Lyons é a pesquisa acerca dos íntrons do nosso DNA. Esses pedaços do DNA humano são porções não-codificantes que representam em média 95% de todo nosso material genético. O mistério científico aqui é que ninguém sabe exatamente para que os íntrons servem, ainda que eles sejam tão volumosos.
Assim, a autora afirma que o estudo genético dos gatos pode nos ajudar, por exemplo, a compreender essa “matéria escura” das nossas células. Além do mais, os testes em animais são uma etapa ainda essencial da maioria dos novos medicamentos e vacinas que chegam ao mercado. Por esse motivo, aliás, é tão importante ter semelhanças genéticas altíssimas entre modelos biológicos e humanos.
Uma pesquisa de um novo medicamento pode, por exemplo, utilizar centenas de ratos de laboratório durante seu desenvolvimento. Modelos mais parecidos com nosso organismo podem reduzir o número de animais em pesquisa, bem como melhorar a eficácia dos produtos finais.
A pesquisa está disponível no periódico Trends in Genetics.