Há 4,5 bilhões de anos, um número até difícil de imaginar, o planeta terra estava em seus primeiros momentos. Posteriormente a lua também se formou, acredita-se que por um impacto de um planeta do tamanho de Marte com a Terra. Nesse tempo os meteoros que atingiam o planeta eram constantes e é possível que eles tenham trazido bastante fósforo para o planeta. Contudo, um novo estudo indica que os raios podem ter tido um papel importante com relação ao fósforo.
Primeiramente, é preciso ressaltar que o fósforo é um dos componentes essenciais da formação do DNA e do RNA. Até então, evidências indicavam que os impactos de meteoros na Terra trouxeram quantidades de fósforo do cosmos que possibilitaram a formação dessas biomoléculas.
No entanto, pesquisadores observaram os efeitos de impactos de raios no solo de Illinois, nos EUA. Os autores relatam, em seu artigo publicado no dia 16, como raios podem criar compostos solúveis em água quando atingem solos ricos em argila.
Nesse caso, houve a formação de schreibersite, um mineral de fosfato solúvel e reativo em água. Esse mineral pode ter liberado todo o fósforo necessário para a formação de moléculas biológicas e orgânicas durante os momentos precedentes à formação da vida.
Raios e meteoros, um ambiente no mínimo hostil
Os pesquisadores estimam que, a cada ano, algo entre 1 bilhão e 5 bilhões de raios surgiam na atmosfera do planeta. Em estimativas mais amplas, até 1 bilhão desses poderiam atingir o solo, sobretudo de regiões mais tropicais. Para dimensionar, hoje em dia pouco mais 500 milhões de raios se formam na atmosfera. Esses eventos poderiam ter produzido até 11 toneladas de fósforo em reservas solúveis – schreibersite – por ano. Ao longo de milhões de anos, dá para imaginar o resultado.
Além do mais, a pesquisa mostra que os raios no planeta podem ter sido mais intensos justamente durante o período de formação da vida, há mais ou menos 3,5 bilhões de anos. Ainda assim, os meteoros podem ter tido um papel importante na formação de todo esse fósforo, porém em tempos anteriores à formação da vida.
Assim, o artigo sugere que os ingredientes essenciais para a formação dos precursores da vida podem ter sido muito mais ‘homemade’ do que se pensava. No entanto, ainda é cedo para tirar conclusões, já que o próprio momento de formação da vida é incerto.
O artigo está disponível no periódico Nature Communications.