O texugo não é um animal muito popular no Brasil, até porque ele não ocorre naturalmente por aqui. Encontra-se o animal em partes da América do norte, na Europa, na Ásia e na África. O texugo africano (que também marca presença em partes da Ásia) chama-se texugo do mel, na tradução do nome em inglês, e ratel, em seu nome brasileiro – Mellivora capensis, no nome científico.
Tanto o nome popular quando o nome científico fazem referência ao mel por ser um dos principais alimentos do animal. Os ferrões de abelhas não penetram muito bem em sua pele e, portanto, ele coleta o mel facilmente.
Dentre os parentes do texugo ainda vivos estão o furão, a ariranha, a lontra e diversos outros animais. Os mustelídeos formam uma família bastante semelhante entre si. Dessa forma, é simples identificá-los. Todos de pequeno porte e com um comportamento levemente semelhante, além do rosto característico, os mustelídeos parecem animais inofensivos. Mas não é tanto assim não. Pelo menos os texugos do mel são bastante ferozes, mesmo com o tamanho pequeno.
Texugo do mel – pequeno feroz
Há 5 milhões de anos, muitos animais perigosos habitavam a África, tais como o já extinto tigre dentre de sabre. No entanto, entre os ferozes e grandes animais carnívoros que circulavam pelo território africano, um pequeno parente do texugo do mel também estava por ali, conforme um novo estudo publicado no periódico Journal of Vertebrate Paleontology.
Na região, encontra-se uma rica diversidade de fósseis. Tigres dente-de-sabre, ursos, hienas, chacais, mangustos, bem como parentes de as girafas vivas, elefantes, rinocerontes, porcos selvagens, pássaros, peixes e mamíferos marinhos. Trata-se de um dos locais mais bem preservados do mundo.
Embora habitassem animais por ali, esse antepassado do texugo não tinha medo. Com seus 9 a 14 quilogramas, enfrentam animais muito maiores – quase tão ferozes quanto pinschers. Brincadeiras à parte, eles são, de fato, alguns dos animais mais agressivos do mundo, ainda nos dias de hoje. Conforme os pesquisadores, ele mantém até mesmo leopardos e hienas por longe, já que é uma pequena fera.
Novas perspectivas
“Os novos fósseis de texugo de mel que descrevemos triplicam o número de fósseis conhecidos e nos dão uma visão única de seu estilo de vida e sua relação com outros mustelídeos semelhantes. Esses novos fósseis demonstram que esta espécie sul-africana é diferente das formas do final do Mioceno da África Central ( Howellictis) e da África Oriental (Erokomellivora), bem como do texugo de mel existente”, explica Valenciano.
“A identificação do Eomellivorini, que inclui Eomellivora (dos continentes do norte) e Ekorus (da África), identifica um grupo de mustelídeos gigantes relacionados ao ratel vivo que foram adaptados para perseguição ao contrário de quaisquer mustelídeos vistos hoje, e podem ter evoluído em um época em que gatos desse tamanho eram raros ou inexistentes”, explica Prof. Lars Werdelin, do Museu Sueco de História Natural e que não participou do estudo.
Embora estivesse no meio de gigantes e ferozes carnívoros, o antigo parente do texugo do mel não tratava-se de um animal muito grande, mas ainda menor do que os texugos atuais. No entanto, as aparências enganam. Ágil e feroz, ele também caçava. Embora se alimentem de mel e raízes, a carne também participa de seu diverso cardápio.
“Esta é uma descoberta incrível!” , explica o paleontólogo Anusuya Chinsamy-Turan. Ele completa: “Imagine, se não fossem os fósseis de Langebaanweg não teríamos absolutamente nenhuma idéia da rica biodiversidade que existiu ao longo a Costa Oeste da África do Sul”
O estudo foi publicado no periódico Journal of Vertebrate Paleontology. Com informações de Phys.org / Taylor & Francis.