Pesquisadores encontram fóssil de parente próximo do texugo do mel (ratel)

Felipe Miranda
(Derek Keats).

O texugo não é um animal muito popular no Brasil, até porque ele não ocorre naturalmente por aqui. Encontra-se o animal em partes da América do norte, na Europa, na Ásia e na África. O texugo africano (que também marca presença em partes da Ásia) chama-se texugo do mel, na tradução do nome em inglês, e ratel, em seu nome brasileiro – Mellivora capensis, no nome científico.

Tanto o nome popular quando o nome científico fazem referência ao mel por ser um dos principais alimentos do animal. Os ferrões de abelhas não penetram muito bem em sua pele e, portanto, ele coleta o mel facilmente. 

Dentre os parentes do texugo ainda vivos estão o furão, a ariranha, a lontra e diversos outros animais. Os mustelídeos formam uma família bastante semelhante entre si. Dessa forma, é simples identificá-los. Todos de pequeno porte e com um comportamento levemente semelhante, além do rosto característico, os mustelídeos parecem animais inofensivos. Mas não é tanto assim não. Pelo menos os texugos do mel são bastante ferozes, mesmo com o tamanho pequeno.

Texugo do mel – pequeno feroz

Há 5 milhões de anos, muitos animais perigosos habitavam a África, tais como o já extinto tigre dentre de sabre. No entanto, entre os ferozes e grandes animais carnívoros que circulavam pelo território africano, um pequeno parente do texugo do mel também estava por ali, conforme um novo estudo publicado no periódico Journal of Vertebrate Paleontology.

1 Fieldwork at Langebaanweg
(Romala Govender).

Na região, encontra-se uma rica diversidade de fósseis. Tigres dente-de-sabre, ursos, hienas, chacais, mangustos, bem como parentes de as girafas vivas, elefantes, rinocerontes, porcos selvagens, pássaros, peixes e mamíferos marinhos. Trata-se de um dos locais mais bem preservados do mundo.

Embora habitassem animais por ali, esse antepassado do texugo não tinha medo. Com seus 9 a 14 quilogramas, enfrentam animais muito maiores – quase tão ferozes quanto pinschers. Brincadeiras à parte, eles são, de fato, alguns dos animais mais agressivos do mundo, ainda nos dias de hoje. Conforme os pesquisadores, ele mantém até mesmo leopardos e hienas por longe, já que é uma pequena fera.

Novas perspectivas 

“Os novos fósseis de texugo de mel que descrevemos triplicam o número de fósseis conhecidos e nos dão uma visão única de seu estilo de vida e sua relação com outros mustelídeos semelhantes. Esses novos fósseis demonstram que esta espécie sul-africana é diferente das formas do final do Mioceno da África Central ( Howellictis) e da África Oriental (Erokomellivora), bem como do texugo de mel existente”, explica Valenciano.

“A identificação do Eomellivorini, que inclui Eomellivora (dos continentes do norte) e Ekorus (da África), identifica um grupo de mustelídeos gigantes relacionados ao ratel vivo que foram adaptados para perseguição ao contrário de quaisquer mustelídeos vistos hoje, e podem ter evoluído em um época em que gatos desse tamanho eram raros ou inexistentes”, explica Prof. Lars Werdelin, do Museu Sueco de História Natural e que não participou do estudo.

Embora estivesse no meio de gigantes e ferozes carnívoros, o antigo parente do texugo do mel não tratava-se de um animal muito grande, mas ainda menor do que os texugos atuais. No entanto, as aparências enganam. Ágil e feroz, ele também caçava. Embora se alimentem de mel e raízes, a carne também participa de seu diverso cardápio.

“Esta é uma descoberta incrível!” , explica o paleontólogo Anusuya Chinsamy-Turan. Ele completa: “Imagine, se não fossem os fósseis de Langebaanweg não teríamos absolutamente nenhuma idéia da rica biodiversidade que existiu ao longo a Costa Oeste da África do Sul”

O estudo foi publicado no periódico Journal of Vertebrate Paleontology. Com informações de Phys.org / Taylor & Francis.

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