No ano de 2017, cientistas encontraram, na Antártica, um bolo de frutas intacto com mais de um século de idade. O bolo estava no acampamento construído por um explorador britânico, no que é uma das construções mais antigas do continente Antártico.
O continente Antártico, embora seja coberto por gelo, é um dos locais mais secos do planeta. Além disso, a embalagem do bolo ficou intacta por todo esse tempo. Esses e diversos outros fatores contribuíram, então, para a conservação do bolo por um tempo tão longo. Quem escondeu o embrulhou em papel, além da proteção extra de uma lata, agora já corroída.
Os descobridores do bolo o descrevem como algo que parece e cheira “quase comestível”.
Por que fizeram isso?
Os cientistas acreditam que quem deixou o bolo foi o oficial da Marinha Real britânica Robert Falcon Scott. O militar liderou a Expedição Terra Nova, que durou de 1910 a 1913. No entanto, Scott não voltou para a casa – ele morreu antes do término da missão, na Plataforma de gelo Ross.
A expedição deveria ser a primeira atingir o Pólo Sul. Os ingleses estavam convictos que o feito funcionaria. No entanto, os chegar lá, constataram que uma expedição da Noruega já pisara ali algumas semanas antes, liderada por Roald Amundsen. Então, a expedição de Scott foi a segunda a pisar no continente.
A missão não fracassou apenas nesse ponto, entretanto. Scott e mais quatro homens morreram na viagem de regresso. Além disso, eles não souberam escolher os equipamentos. Os cavalos morreram de exaustão, os trenós motorizados pifaram com o frio. De qualquer maneira, os britânicos consideraram Scott como um herói. Ele morreu em missão, auxiliando na expansão do poderoso Império Britânico.
Vale lembrar que pisar na Antártica e pisar no Pólo Sul não é a mesma coisa. A Antártica é um continente consideravelmente grande – maior do que a Europa e a Oceania. O Pólo Sul, por sua vez, é a região mais ao Sul do globo, que engloba apenas uma parte da Antártica, mais ou menos próximo ao meio do continente. Embora a missão de Amundsen pisou no Pólo Sul somente em 1911, exploradores já pisaram na Antártica quase cem anos antes.
O bolo de frutas intacto
“O bolo de frutas era um item popular na sociedade inglesa na época e continua popular hoje”, disse Lizzie Meek, gerente de conservação de artefatos do Antarctic Heritage Trust ao National Geographic, na ocasião da descoberta, em 2017. “Viver e trabalhar na Antártica tende a levar ao desejo por alimentos com alto teor de gordura e açúcar, e bolo de frutas se encaixa muito bem, sem mencionar que vai muito bem com uma xícara de chá”.
O bolo foi fabricado pela empresa britânica de biscoitos Huntley & Palmers – que ainda existe e em 2022 completará 200 anos. Scott contratou a empresa para fornecer biscoitos e bolos para a expedição. Expedições militares precisam de doces, pois doces têm muitas calorias. É, então, justamente a empresa responsável que dá as pistas para chutar o responsável pelo bolo enterrado.
Ninguém o comeu é claro. Mas quem entrou em contato com o bolo insiste que a aparência estava boa. “Tinha um cheiro muito, muito leve de manteiga rançosa, mas fora isso, o bolo parecia e cheirava comestível! Não há dúvida de que o frio extremo da Antártica ajudou sua preservação”, explica Meek à Smithsonian Magazine.
Junto ao bolo, no total, a Antarctic Heritage Trust encontrou 1500 artefatos dos prédios localizados em Cape Adare, um península na Antártica. Dentre os artefatos, um dos mais impressionantes é uma pintura do pássaro Trepadeira-do-bosque, feita pelo cientista chefe da missão de Scott, Edward Wilson. Veja na imagem abaixo:
Com informações de Ancient Origins, National Geographic e Smithsonian Magazine.