Lente plana ultra fina é desenvolvida por pesquisadores brasileiros

Erik Behenck
A nova peça poderá ser usada em smartphones e em outros dispositivos. Foto: Augusto Martins/USP.

Pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC-USP) desenvolveram uma lente plana ultra fina. A peça é mil vezes mais fina do que um fio de cabelo e pode ser usada em smartphones ou dispositivos que exigem a presença de sensores.

É uma tecnologia interessante e que pode ser usada em diversos cenários. “No contexto tecnológico atual, suas aplicações são quase ilimitadas”, diz Emiliano Rezende Martins, professor do Departamento de Engenharia Elétrica e de Computação da EESC-USP e um dos coordenadores da pesquisa.

Como é a lente plana ultra fina?

A lente plana ultra fina possui um camada única de silício, composta por nanopostes que interagem com a luz. Essa estrutura tem uma impressão diferenciada, feita por meio da litografia, técnica já conhecida e usada na fabricação de transistores.

Conforme Rezende Martins, as metalentes foram criadas há cerca de uma década e permitem a máxima resolução. Entretanto, o ângulo de visão é muito fechado, menor do que o grau de circunferência. “Uma maneira de solucionar o problema é compor metalentes, formando estruturas complexas”, diz o pesquisador.

 

Lente plana ultra fina
Metalenses são superfícies nanoestruturadas que imitam a funcionalidade de elementos ópticos.

Pesquisa já surpreende, mas pode ir ainda mais longe

Durante a pesquisa, a equipe percebeu que o campo de visão aumenta em uma lente convencional quando o índice de refração também aumenta, conforme a lente vai ficando mais plana. Dessa maneira, eles projetaram uma metalente com o objetivo de imitar uma lente completamente plana, que teria um infinito índice de refração.

“Nossa lente tem um campo de visão arbitrário, que idealmente pode chegar a 180 graus sem distorção da imagem. Já testamos sua efetividade para um ângulo de 110 graus. A partir dessa abertura, a energia da luz diminui devido ao efeito de sombra. Mas isso pode ser corrigido por meio de pós-processamento”, afirma Rezende Martins.

Por mais que a resolução encontrada seja suficiente para as aplicações comuns, sua composição dificulta as super-resoluções. Até o momento, só puderam ser feitas fotografias em verde, mas em breve a lente será aprimorada, garante o pesquisador.

A pesquisa foi publicada na revista ACS Photonics. Com informações de Agência Fapesp.

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