Durante o Cretáceo existiu um animal que posteriormente ficou conhecido como “formiga infernal”, que foi extinta cerca de 65,5 milhões de anos atrás. Ela era um predador feroz, com mandíbulas compridas e curvas, que iam em direção ao topo da cabeça da espécie. Por sorte, temos o registro de um ataque contra barata, que foi envolvido por seiva pegajosa, se transformando em âmbar e sobrevivendo todo esse tempo.
Atualmente não existe nenhuma formiga com características parecidas. Não basta a estranheza facial delas, ainda contavam com um chifre, que podia ser diferente conforme a formiga, chamado de Haidomyrmecine.
As formigas modernas prendem suas mandíbulas de maneira horizontal, enquanto estas balançavam as mandíbulas para cima, com o objetivo de pegar as presas. Agora, finalmente os pesquisadores puderam encontrar algo que prove essa ideia, um pedaço de âmbar localizado em Mianmar, na Ásia.
Estes animais estão entre as primeiras formigas que surgiram
A formiga infernal viveu entre 145,5 e 65,5 milhões de anos atrás e já foram encontradas em países como Mianmar, França e Canadá. Faz aproximadamente um século que a primeira delas foi descrita, desde então os pesquisadores já identificaram 16 espécies, todas elas com mandíbulas e chifres alongados.
O achado em Mianmar é raro, mostrando o momento exato de predação fossilizada. Conforme o biólogo evolucionista Phillip Barden, professor assistente do Departamento de Ciências Biológicas do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, a descoberta foi importante para comprovar uma ideia.
“Quando começamos a trabalhar nas formigas infernais entre 2011 e 2012, parecia que a única maneira de eles se alimentarem era movendo as partes da boca na vertical”, disse. Na época, a noção era “um pouco controversa”, mas agora a ideia se mostrou verdadeira.
Os pesquisadores fizeram modelos 3D das cabeças da Ceratomyrmex ellenbergeri, uma das espécies de formiga infernal, comparando com formigas atuais e extintas. Isso confirmou que as infernais estavam entre as primeiras formigas a existirem.
Formiga infernal x barata: a batalha final
Infelizmente para a formiga infernal, ela não conseguiu fazer desta barata seu alimento. Ainda assim, Barden sugeriu o que pode ter acontecido. Segundo ele, possivelmente a formiga picou a barata, com o objetivo de paralisar a presa. A ideia original era de que todas as formigas deste grupo perfuravam as presas e bebiam a homolinfa, que é como se fosse o sangue do inseto.
Acontece que o chifre da espécie Ceratomyrmex não era utilizado para perfurar, diferente das outras da mesma linhagem. Assim, a explicação para os modos alimentares é semelhante ao adotado pela formiga moderna Drácula, que vive em Madagascar, e que também conta com uma mandíbula estranha.
As mandíbulas são tão avantajadas que elas não conseguem se alimentar. “Elas alimentam suas próprias larvas – e as larvas têm peças bucais não especializadas, para que possam mastigar normalmente”, explica Barden.
Com as larvas alimentadas, as formigas adultas perfuram os lados das larvas e bebem a homolinfa dos seus próprios filhos. Ou seja: canibalismo, mas neste caso não destrutivo. É um sistema conhecido como alimentação social.
Nem mesmo tão poderosas elas sobreviveram
Possivelmente estas formigas foram extintas durante mudanças ecológicas acontecidas no Cretáceo-Paleogene. Além delas, outros grupos de formigas também podem ter sido extintos no mesmo período.
Segundo Barden, é interessante avaliar a história de espécies extintas, para descobrir o que causou isso, permitindo ainda que outras continuassem vivendo. “Insetos fósseis são um lembrete de que mesmo algo tão onipresente e familiar como formigas têm extinção”, disse ele.
Com informações de Live Science e e Phys Org.