Correios públicos e estatais, além de outras empresas de logística possibilitaram um grande aumento no número de serviços. Entretanto há, no início do século XX, nos Estados Unidos, histórias de crianças sendo enviadas pelos correios.
Principalmente na era da internet é comum que você receba de tudo via correios, principalmente agora durante a pandemia. Mas terceirizar os serviços da cegonha não é algo muito interessante de se fazer.
“Ele ganhou algumas manchetes quando aconteceu, provavelmente porque era muito fofo”, disse a historiadora do serviço postal americano Jenny Lynch, à Smithsonian Magazine.
Esse caso ocorreu em 1913, quando os correios dos Estados Unidos criaram um serviço chamado Parcel Post, que é semelhante ao nosso sedex – o envio de coisas maiores do que simples cartas.
Pouco tempo após o início do Parcel Post, entretanto, aparentemente as pessoas ainda não haviam aprendido exatamente como utilizá-lo, e não enviaram apenas objetos.
Um casal, Jesse e Mathilda Beagle, enviou o filho James, com apenas 8 meses de idade para a casa da vó utilizando este novo serviço dos correios – ambos moravam no estado de Ohio.
O serviço custou apenas 15 centavos, e é exatamente este o ponto que os faziam cometer esta barbaridade: “A postagem era mais barata que uma passagem de trem”, diz Lynch à Smithsonian.
É claro que o caso foi anormal, e logo viralizou através dos jornais – deve ter até virado um “meme” da época. Com a inspiração, outros pais acabaram fazendo o mesmo, posteriormente.
Proibir não adianta
Após alguns meses, em junho de 1913, os correios decretaram que crianças não poderiam mais ser enviadas pelos correios, mesmo que esse tipo de envio já fosse algo que não era considerado ideal.
Isso, entretanto, não coibiu as pessoas. Sempre haviam funcionários dos correios e pais dispostos a fazê-lo, afinal, poderiam economizar um bom dinheiro. Abelhas e insetos eram os únicos animais permitidos.
Em 1914, uma menina de 4 anos, Charlotte May, foi enviada por seus pais para a casa dos avós. Desta vez, a viagem era mais longa – cerca de 120 quilômetros. A história inspirou até um livro, que se chama Mailing May.
Entretanto, nesse caso a garota não foi colocada junto com a mercadoria, em um vagão qualquer do trem. O primo de sua mãe trabalhava nos correios, e a acompanhou pela viagem.
O último caso semelhante que se tem notícia hoje em dia, ocorreu em 1915, dois anos após a proibição. Os pais enviaram sua filha, Maude Smith, de apenas 3 anos de idade.
O funcionário que realizou a postagem escreveu no documento que “duvidava da legalidade”, mas enviou mesmo assim, como se pode conferir na imagem abaixo, onde um jornal noticiava o caso.
Descuidado ou confiança?
À revista do grupo Smithsonian, Lynch diz que isso não necessariamente representava descuidado por parte dos pais, mas uma confiança que os rurais possuíam nos funcionário dos correios.
“Os portadores de correio eram servidores de confiança, e isso prova esta afirmação”, diz.
“Há histórias de transportadoras rurais dando à luz e cuidando de doentes. Mesmo agora, eles salvam vidas porque às vezes são as únicas pessoas que visitam uma casa remota todos os dias”.
Com informações de Smithsonian Magazine.