Quase 11 km abaixo da superfície do mar, o ponto mais profundo do mundo, chamado de Challenger Deep, fica na Fossa das Marianas, no Oceano Pacífico, em um local próximo às Ilhas Marianas.
Para efeitos de comparação, a maior parte das espécies animais conhecidas do oceano vivem acima dos 200 metros e submarinos nucleares geralmente não descem abaixo de 300 metros de profundidade.
O Monte Everest, maior montanha da Terra, possui 2 quilômetros de altura a menos do que a Fossa das Marianas possui de profundidade. Portanto, podemos entender: é realmente muito profundo.
Quando o primeiro ser humano escalou o Everest o máximo que havíamos mergulhado no oceano era uma profundidade de menos de mil metros. Calcula-se que 90% do oceano ainda não foi explorado, e que conhecemos, hoje, apenas um terço das espécies marinhas.
Humanos já foram à Fossa das Marianas?
Sim, humanos já desceram até lá. Apenas três vezes na história. O primeiro feito foi realizado pelo tenente da US Navy Don Walsh e pelo engenheiro suíço Jacques Piccard, em 1960.
No entanto, a pressão é extremamente alta – mais de mil vezes a pressão atmosférica ao nível do mar. Mil atmosferas sobre um ser vivo não adaptado iria esmagá-lo. Portanto, os aventureiros precisaram ir em um submarino super reforçado. As janelas foram reduzidas ao tamanho de moedas para suportar tamanha pressão – e não foi possível ver e nem fotografar nada.
O “submarino” se chamava Batiscafo. Piccard o projetou junto com seu pai e eles venderam para a marinha americana em 1958.
No entanto, era um projeto pessoal, e obviamente a marinha não possuía pilotos de batiscafos. Por isso, Piccard navegou junto ao tenente. Walsh disse ao IEE Spectrum: “Era como os dois primeiros aviões do mundo – quem você vai por para pilotá-los?”
O segundo humano a visitar o Challenger Deep foi o cineasta James Cameron, que mergulhou em um submarino projetado por ele mesmo, e passou três horas fotografando o local, já que é um cineasta.
O terceiro ser humano a visitar a Fossa das Marianas foi o ex-militar e investidor americano Victor Vescovo, e essa viagem será abordada no tópico a seguir.
Poluição
Em uma viagem realizada com um submersível no final de 2019, Vescovo foi o ser humano a chegar na maior profundidade da história, batendo o recorde.
Hoje o ex-militar vive de forma excêntrica, financiando diversos projetos com seu dinheiro. Ele chegou aos picos mais altos dos sete continentes e financiou o submarino com o próprio dinheiro.
Foram quatro horas de exploração. Nesse tempo, ele coletou partículas orgânicas e outras amostras para trazer à superfície e serem calmamente estudadas em laboratório.
Nem o local mais profundo de todo o oceano está a salvo da poluição causada pelos seres humanos. Com a coleta de materiais, pesquisadores puderam analisar a presença de microplásticos, como sacolas e embalagens de balas.
Além do lixo humano, contudo, ele e sua equipe também encontraram novas espécies de crustáceos, semelhantes a camarões. Também puderam avistar peixes a profundidades consideradas inabitadas, a 8.000 metros.