Enxaguantes bucais costumam aparecer com frequência em anúncios na TV, mas nem tudo é tão simples. Um produto como este é capaz de em instantes neutralizar a maior parte das bactérias desagradáveis que aparecem na boca. Mas, usar enxaguante bucal após se exercitar pode fazer mal para a saúde?
O que realmente acontece quando colocamos uma carga de produtos químicos antibacterianos ao redor de nossa boca? Um estudo recente indicou os efeitos, que podem ser surpreendentes, afetando muito mais do que apenas o seu bem-estar dental.
Quais os efeitos do enxaguante bucal?
Cientistas do Reino Unido e da Espanha descobriram que a simples utilização de um enxaguante bucal após a prática de exercícios pode diminuir a pressão arterial. Assim, quando você se exercita, seus vasos sanguíneos se abrem devido a produção de óxido nítrico, um processo conhecido como vasodilatação, aumentando a circulação do fluxo sanguíneo.
Durante muito tempo pesquisadores imaginavam que isso acontecia apenas durante a prática das atividades físicas, mas nos últimos anos novas evidências mostraram que a circulação continua alta após o fim dos exercícios.
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Assim que o nitrito é produzido e engolido com saliva, é absorvido pela circulação sanguínea, voltando ao óxido nítrico, mantendo os vasos sanguíneos largos e reduzindo a pressão sanguínea. Entretanto, conforme este estudo, essa mudança biológica pode ser interrompida caso o enxaguante bucal seja utilizado logo na sequência.
Entenda como foi feito o estudo
O experimento foi realizado com a participação de 23 adultos saudáveis, correndo em uma esteira por 30 minutos. Na sequência, utilizaram o enxaguante bucal, no sabor menta. Além disso, após 30, 60 e 90 minutos, fizeram outra aplicação do produto.
A pressão arterial dos participantes foi aferida durante o experimento e também no período de descanso. Assim, os resultados indicaram que após uma hora de sessão na esteira houve redução média na pressão arterial sistólica de -5,2 mmHg.
A redução para aqueles que fizeram a utilização do enxaguante bucal foi muito menor, com média de -2,0 mmHg. Dessa forma, os resultados indicam que o produto antibacteriano diminuiu a redução da pressão arterial em mais de 60%.
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Na última parte do monitoramento, 2h após a sessão na esteira, o grupo que utilizou o produto não mostrou sinais de redução na pressão arterial. Mas, o grupo que não utilizou apresentou uma redução significativa na comparação com os valores anotados antes dos exercícios físicos.
“Esta é a primeira evidência que mostra que a atividade redutora de nitrato das bactérias orais é um mecanismo chave para induzir a resposta cardiovascular aguda ao exercício durante o período de recuperação em indivíduos saudáveis”, explicaram os autores em seu artigo.
O que isso quer dizer?
Por mais que o estudo não seja tão abrangente, os resultados mostram que nem todas as bactérias são ruins para o nosso corpo. Assim como produtos químicos antibacterianos podem prejudicar importantes processos biológicos.
Os resultados da pesquisa foram publicados no ScienceDirect, confira.