Além do seu papel fundamental na descarbonização do setor elétrico mundial, as fontes de energia renováveis também ajudariam a reduzir o seu consumo de água em até 97%.
É o que mostra o resultado de um estudo feito por um time de pesquisadores da Universidade de Tecnologia da Lappeenranta, na Finlândia, e divulgado na revista Nature Energy.
De acordo com o estudo, para produzir os mesmos 1 megawatt-hora (MWh) de energia, a tecnologia fotovoltaica consome entre 2% e 15% da água utilizada por usinas nucleares e a carvão.
Turbinas eólicas, por sua vez, consomem entre 0,1% e 14% dessa mesma quantidade.
Segundo os pesquisadores, essa demanda insignificante de água representa um ganho duplo para as tecnologias renováveis, que já apresentam quase zero emissões de CO2 na geração.
Para o estudo, o time coletou dados de 13.863 usinas termoelétricas acima de 50 Megawatts (MW) de capacidade, que juntas somaram mais de 4,1 Gigawatts (GW).
Isto representa mais de 95% da geração térmica mundial, disseram os pesquisadores, que utilizaram essa informação para traçar projeções do consumo de água no setor elétrico mundial dentro do período 2015-2050.
Caso o melhor cenário de políticas fosse adotado, o estudo afirma que o consumo de água na geração elétrica mundial poderia ser reduzido em 75,1% até 2030, em relação aos níveis de 2015.
Para 2050 essa redução poderia chegar a 97,7%, mas exige que muitas termelétricas nucleares e por combustão fóssil sejam desativadas e substituídas por fontes de geração limpas.
No entanto, o estudo revela que o gás natural continuará crescendo em regiões como a China, Coréia do Sul e Rússia, onde o consumo de água deverá permanecer grande.
Em 2015, os Estados Unidos foi o maior consumidor de água para geração de energia convencional, com uma participação mundial de 35,7%, seguidos pela China com 31,5%.
Os pesquisadores concluem que água poupada pelas fontes renováveis poderia ser destinada para a produção de alimentos ou para o cultivo de ecossistemas aquáticos.
Este artigo foi originalmente publicado em EcoDebate.