Sem muito tempo para recuperação após as queimadas ao norte, o país tem lidado com outro enorme problema ambiental.
Manchas escuras começaram a ser avistadas na areia da praia de Boa Viagem, em Recife, no começo de setembro. Na semana seguinte, a marinha confirmou a existência de manchas no Rio Grande do Norte, porém, ainda sem saber do que se tratava.
O IBAMA conseguiu levantar dados sobre a localidade dessas manchas em todo o litoral Nordeste, dessa forma conseguiram montar dois mapas, um mostrando as áreas afetadas e outro com os animais mais afetados.
De forma a entender melhor sobre os problemas, a Petrobras foi chamada para analisar o material, e a equipe do Centro de Pesquisas da Petrobras (CENPES) confirmou que, na verdade, as manchas são petróleo cru, e de acordo com a empresa, o produto não é de origem Brasileira.
De acordo com as análises, levando em conta o grau de API que mede a densidade de líquidos da composição, é possível chegar a conclusão de que o material possa ser da Venezuela. Contudo, o IBAMA ainda não confirmou a origem, e tenta entender de que forma esse petróleo poderia chegar até a costa brasileira.
Investigação sobre os culpados
O Centro Integrado de Segurança da Marinha (Cismar) identificou a presença de 140 navios-tanque na provável rota de onde o óleo partiu. Desses 140 navios, aqueles que se encaixaram com o perfil de transporte do material cru, foram notificados e convocados a prestar declarações.
O uso de satélites têm sido de extrema importância para tentar traçar pontos de partida de onde o material teria surgido. Junto a isso, modelos matemáticos podem exibir o caminho desse petróleo, levando em conta a posição de ventos da região e marés.
Impactos no meio ambiente
Os impactos do petróleo no mar vão além do que muitos pensam. Um dos principais problemas é a forma como o material se prende aos animais, deixando-os imobilizados e muitas vezes os sufocando. Ainda não foram contabilizadas todas as mortes, porém muitas já foram confirmadas, e várias ONGs trabalham para evitar maiores catástrofes. De acordo com o IBAMA, a captura preventiva de alguns animais já está ocorrendo na intenção de minimizar os danos.
Pela estrutura do petróleo, o acúmulo do material sobre a água causa outros problemas graduais. Por ser denso e escuro, ele impede que a luz chegue ao fundo da água, impedindo também que ocorra a fotossíntese, diminuindo o nível de oxigênio. Além de outros impactos como a diminuição da pesca, e a contaminação indireta através dos seres invertebrados da base da cadeia alimentar, que filtram a água e retém as toxinas, que serão repassadas àqueles que os consumirem.
Como agir diante de um animal preso no óleo
Muitas vezes ao se depararem com um animal preso no óleo e encalhado na praia, as pessoas se prontificam a fazer algo para salvar o animal. Mas é claro que para isso é preciso ter alguns procedimentos para não piorar a situação.
O primeiro passo é contatar instituições especializadas. Instituto Amares – MA, Instituto Tartarugas do Delta – PE, Comissão Ilha Ativa – CE, Aquasis – CE, Projeto Cetáceos da Costa Branca – RN e CE.
Repasse a maior quantidade de informações que puder, espécie, número de animais, local com ponto de referência, fotos e vídeos. Nunca entre em contato com o óleo, o risco de contaminação é alto.
Jogar produtos corrosivos ou mesmo mesmo produtos específicos para retirada de óleo (seja industrial ou caseiro) pode piorar a situação do animal. Jogar areia e sabão também não são opções.
Não retorne os animais para a água, espere que os profissionais das instituições façam a coleta para preservar a vida do bicho.
A melhor atitude para um não profissional é isolar a área, cuide para que crianças, curiosos e outros animais mantenham distância, tente evitar barulho no local para não aumentar o estresse do animal encalhado, se possível proteja-o do sol com um Guarda-sol.