Vivendo no ártico, o narval é uma criatura de aparência peculiar. Para alguns, assemelha-se aos míticos unicórnios que vivem em algum mundo mágico inventado pelo homem, mas para cientistas, apesar de ser um animal real, ainda possui um caráter enigmático, por conta de sua reclusão, o que o torna difícil de estudar.
Conhecido na ciência como Monodon monoceros, o narval, assim como seu parente mais próximo, a beluga, vive inteiramente no Oceano Ártico, e faz parte do grupo Odontoceti.
A característica comportamental entre a beluga e o narval é quase que totalmente semelhante. Sabe-se, através de observações e análises biológicas, que a ambas as espécies podem cruzar, contudo, somente em raras ocasiões.
Seu nome, originalmente escrito Narhval, provém de palavras nórdicas. “Nar”, que significa cadáver, e “hval”, que significa baleia. A NOAA, o órgão de pesquisas oceânicas e atmosféricas estatal dos Estados Unidos, indica em seu site que seu nome refere-se à forma como a manchada pele cinza dele se assemelha à de um marinheiro afogado.
Por que “unicórnios do mar”?
Sua presa lembra muito os famosos cavalos míticos munidos de um chifre bem ao centro do crânio, os unicórnios. Porém, este é um animal que existe, e aquático, apesar de mamífero.
Os chifres dos narvais são capazes de alcançar até 3 metros de cumprimento, e só crescem em machos. Um adulto, por exemplo, pode pesar até quase 2 toneladas, alcançando quase 5 metros de altura, de acordo com o LiveScience, que resume um estudo do Polar Science Center da Universidade de Washington.
As fêmeas são muito menores que os machos, chegando a ter cerca de 4 metros de comprimento e raramente 1 tonelada de peso bruto. De acordo com o LiveScience, os cientistas consideram a presa uma característica sexual masculina, mas cerca de 15% dos narvais fêmeas também cultivam uma presa.
Por que misteriosos?
O mistério deve-se, contudo, ao difícil acesso para o estudo desses mamíferos.
São animais que vivem em grupos que pode chegar a possuir até 20 membros, de acordo com a MarineBio Conservation Society, mas que vivem longe da costa, cerca de 320 quilômetros. Com a sua reclusão típica, ainda há muito gelo para se encarar para poder realizar alguma aproximação para estudo.
Apesar de ser um animal que está num local de difícil acesso, as mudanças climáticas estão oferendo grande ameaça à sua sobrevivência.
Segundo o LiveScience, recordes de temperaturas quentes no Ártico fizeram com que o gelo do mar desaparecesse a um ritmo alarmante, e isso significa que há mais espaço para navios e atividades humanas e menos lugares para a vida selvagem se esconder.
Ele ainda não é considerado um animal em perigo de extinção, mas a depender da natureza humana, pode, em breve, ter seu espírito recluso abalado por caçadores ilegais e outros tipos de pertubações frequentes no Ártico, que podem afetá-lo psicologicamente.
Pesquisas recentes mostraram que os narvais são os mamíferos marinhos mais vulneráveis ao aumento da atividade humana no Ártico. Um estudo de 2017 publicado na revista Science descobriu que os narvais respondem ao estresse com uma das respostas mais extremas de medo já registradas.
FONTES / LiveScience / National Geographic