Há milhares de anos, os antigos maias adoravam um deus que tinha o corpo de uma pessoa e a cabeça de um morcego, mais conhecido por Batman, na cultura popular. Essa “criatura” tinha orelhas pontudas e era referida pelos antigos maias como Camazotz.
Essa descrição pode parecer muito semelhante a um personagem que a maioria de nós conhece, a partir de filmes, séries e histórias em quadrinhos – o homem morcego de Gotham City.
As origens de Batman podem (de certa forma) remontar a uma civilização há muito perdida que existia no México moderno.
Antes que a DC Comics “inventasse” o Batman, havia Camazotz, uma misteriosa divindade pré-hispânica que simbolizava a noite, a morte e o sacrifício. E era popular entre os antigos maias. Semelhante ao nosso Batman moderno, não há muito sobre ele na internet.
Recentemente, porém, um concurso realizado pela Warner Bros reacendeu a lenda, onde buscou que participantes trouxessem à imaginação a representação do Batman moderno à luz da criatividade mexicana. Uma das esculturas produzidas é essa que está representada na imagem ao início desta matéria (uma representação mais acurada de Camazotz está mais abaixo). E, como podemos ver, não ilustra exatamente a aparência imaginada pelos maias, mas não desmente a questão de que o mito influenciou a criação do famoso personagem.
O Deus Homem-Morcego
A maioria dos detalhes que descrevem Camazotz pode ser rastreada até o Popol Vuh. E se dermos uma olhada no Popol Vuh, encontraremos algumas descrições desse deus mítico.
O Popol Vuh, o livro do conselho ou livro da comunidade, é uma compilação de narrativas míticas, lendárias e históricas do K’iche; o povo maia que habita a Guatemala moderna. O livro, de grande valor histórico e espiritual, foi chamado Livro Sagrado ou a Bíblia do Quiche Maia.
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No Popol Vuh, Camazotz era um nome comum que fazia referência aos monstros de morcego que os heróis gêmeos maias Hunahpú e Ixbalanque encontraram durante seus julgamentos no submundo de Xibalbá.
Camazotz, um personagem relativamente desconhecido da mitologia maia, é considerado o deus dos morcegos.
Representações de Camazotz podem ser encontradas no museu de Copán, em Honduras, embora a descrição sobre ele possa ser encontrada em alguns códices maias também.
A antiga divindade foi apelidada de mestre dos mistérios, da vida e da morte. O culto de Camazotz remonta a cerca de 200 AEC e acredita-se que tenha começado entre os zapotecas de Oaxaca, no México, que adoravam um monstro antropomórfico com o corpo de um homem e a cabeça de um morcego, associado à noite, morte e sacrifício.
Camazots acabou encontrando seu lugar entre o panteão dos quiches, uma tribo maia que vivia nas selvas do que hoje é a Guatemala e Honduras. E alguns estudiosos até acreditam que o mito em torno de Camazotz foi muito além da terra dos antigos maias, à medida que histórias de seres semelhantes se espalharam pela Guatemala e até no Brasil.
Uma versão desta matéria foi publicada em janeiro de 2019.