Pouco depois da concepção seu corpo passou por várias mudanças, você cresceu com uma extremidade superior e uma inferior. Mas ninguém nunca soube explicar como exatamente as células fazem isso – até hoje.
Pesquisadores da Universidade Rockefeller organizaram um grupo de células-tronco pra agir de forma semelhante a um embrião humano comum. Eles puderam ter uma ideia melhor de como funciona a bioquímica do desenvolvimento humano.
O embrião humano de 10 dias foi capaz de evoluir de uma esfera perfeita para algo bem menos simétrico. O estudo foi restrito a esse curto espaço de tempo pois estudos em embriões humanos são um desafio prático e ético.
É bem aí que entram os organoides embrionários, estruturas sintéticas que imitam algumas, mas não todas, as características definidoras de suas contrapartes biológicas.
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Os embrioides têm sido usados para estudar o desenvolvimento celular há anos, mas ajudam a encontrar uma estrutura mais apropriada para representar um passo de desenvolvimento específico.
“Nós combinamos várias técnicas – bioengenharia, física e biologia do desenvolvimento – para criar este modelo”, disse o físico e bioquímico Mijo Simunovic.
“Agora temos um sistema 3D que imita não apenas a impressão genética do embrião, mas também sua forma e tamanho”.
Estudos anteriores – feitos em ratos – revelaram como o embrião se divide traçando uma linha que distingue qual extremidade produzirá uma cabeça e qual crescerá uma cauda. Esse processo chama-se gastrulação e acontece com todos os mamíferos – isso explica o porquê de você não encontrar ninguém por aí com nádegas na cabeça, por exemplo.
“A quebra de simetria se dá em quase tudo que acontece durante o desenvolvimento embrionário. Nossas cabeças não se parecem com os nossos pés, e isso porque, em algum momento, o embrião se divide em duas partes, anterior e posterior”, disse Simunovic.
O desenvolvimento do modelo embrionário pode ser uma grande vitória para a ciência, mas a inovação pode eventualmente se tornar sua pior inimiga.
A questão de quando uma aproximação sintética de um embrião atravessa a linha entre o modelo de vida e o humano autêntico torna-se cada vez mais confusa à medida que a complexidade cresce.
Numa entrevista com Rob Stein, da NPR, os pesquisadores enfatizam que há uma distinção, e enquanto eles estão se esforçando para fazer modelos mais sofisticados, seus embriões “nunca se tornariam embriões humanos se nós os deixássemos crescer”.
FONTE: A Lab-Made Human ‘Embryo’ Has Revealed a Truly Magical Step in Human Development [ScienceAlert]