Tyrannosaurus rex tinha dentes cobertos por lábios, revela estudo

Diferente do representado em Jurassic Park.

Elisson Amboni
Imagem: Mark P. Witton

Pesquisadores do Canadá, China e Estados Unidos descobriram que os dinossauros terópodes não aviários, como o famoso Tyrannosaurus rex, possuíam lábios que cobriam seus dentes. Essa descoberta vai contra as representações populares desses animais pré-históricos, que costumam ser ilustrados com dentes expostos, semelhantes aos crocodilos.

Os terópodes, conhecidos pelos seus grandes dentes em forma de adaga, têm esmalte dentário relativamente fino. Se os dentes desses predadores estivessem permanentemente expostos, como são normalmente retratados, a exposição constante provavelmente causaria desidratação e desgaste nos dentes. A questão sobre os dentes serem cobertos por escamas labiais, como no dragão de Komodo, ou expostos, permanece em aberto.

O Dr. Mark Witton, paleontólogo da Universidade de Portsmouth, explica que a representação dos dinossauros sem lábios se popularizou nas décadas de 1980 e 1990, influenciada por filmes e documentários como “Jurassic Park” e “Walking with Dinosaurs”. Essa estética feroz, no entanto, não se baseava em evidências científicas.

Para investigar a aparência real desses animais, os pesquisadores analisaram a relação entre o comprimento do crânio e o tamanho dos dentes em terópodes e outros répteis, tanto vivos quanto extintos. Eles também examinaram os padrões de desgaste dos dentes em tiranossauros e crocodilos.

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Comparações das reconstruções do T. rex. (A) Crânio, baseado no exemplar FMNH PR 2081 do Museu de História Natural de Campo. (B a E) Duas reconstruções hipotéticas da carne, uma com dentes expostos (B) e uma seção transversal associada do focinho (C) e uma com tecidos extrabucais cobrindo os dentes (D) e uma seção transversal associada do focinho (E). Imagem: Cullen et al ., doi: 10.1126/science.abo7877.

Os resultados mostraram que, ao contrário dos crocodilos, os terópodes não apresentavam sinais de desgaste na superfície externa dos dentes, sugerindo a presença de tecidos e secreções extraorais para mantê-los hidratados e protegidos.

Além disso, a pesquisa revelou que a proporção entre o tamanho do crânio e dos dentes dos terópodes era semelhante à dos lagartos-monitores atuais, que não possuem dentes expostos. Isso indica que os dentes dos terópodes não eram grandes demais para serem cobertos pelos lábios.

A Dra. Kirstin Brink, paleontóloga da Universidade de Manitoba, ressalta a importância da saliva na manutenção da saúde dos dentes e como a exposição contínua pode causar danos. Segundo ela, o esmalte dos dentes de crocodilos é mais espesso que o dos dinossauros, mas menos espesso que o dos mamíferos.

Essa descoberta nos ajuda a compreender melhor a aparência dos dinossauros, afirma o Dr. Witton. Agora, as representações desses animais precisam ser revistas para incluir lábios que cobrem seus dentes, tornando-as mais realistas e fiéis ao que a ciência tem revelado.

O estudo completo pode ser encontrado na revista Science.

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