Esta foto repugna profundamente algumas pessoas, mas por quê?

Amanda dos Santos
Sementes de Lótus apresentam esse padrão irregular de furos. (Jardim Botânico de Adelaide, Domínio Publico)

Os cientistas tentam entender o que causa a tripofobia, popularmente conhecida como ‘medo de buracos’. Podem ser buracos agrupados, saliências e outros padrões semelhantes, todas essas imagens enojam algumas pessoas.

A tripofobia atinge cerca de 15% a 17% dos humanos, o grupo que sente essa repulsa. Na verdade, ela não é considerada uma fobia verdadeira e normalmente é mal compreendida.

Portanto, os pesquisadores concordam sobre o conceito e causa da tripofobia com raízes instintivas em nosso cérebro, mas discordam quanto a possíveis ligações evolutivas relacionadas a esse medo.

Tripofobia

A foto abaixo de uma fruta de lótus faz sua pele arrepiar?

vagem de semente de lótus
Esta imagem de uma vagem de semente de lótus causa repulsa em algumas pessoas. Conheça a tripofobia. (imagem: 3point141 / Wikimedia Commons)

Se você não consegue nem olhar para esta imagem e ela desencadeia sensação de repulsa, isso é tripofobia.

Pesquisas anteriores relatam que até 18% das mulheres e 11% dos homens (15% da população em geral) ficam totalmente perturbados depois de encarar imagens com buracos agrupados, de acordo com pesquisas sobre a condição chamada de tripofobia.

Na natureza, esses tipos de buracos são comuns. Variam de visões assustadoras, como a parte de trás de uma fêmea de sapo suriname, até outras mais normais e frequentes, como favos de mel ou várias bolhas de sabão juntas.

Um artigo de 2013 da revista Psychological Science explica como a vítima dessa angústia se sente ao ver uma imagem desencadeadora: a pessoa não consegue enfrentar buracos pequenos irregulares ou assimétricos sem sentir vontade de vomitar, chorar e um incômodo visceral.

Conforme os pesquisadores vão adquirindo conhecimento sobre essa fobia, descobrem que não é bem um “medo de buracos”, e não apenas de buracos.

Fobia não reconhecida

favos de mel
Favos de mel. Imagem: IFL Science.

Essa fobia não é reconhecida pela comunidade psicológica como tal. Isso porque ela não tem sinais realmente de uma fobia verdadeira, ao menos no sentido diagnosticável.

Logo, a tripofobia seria mais uma sensação de nojo do que de medo. O nojo é provavelmente uma reação excessiva a possíveis contaminantes, disse Arnold Wilkins, psicólogo da Universidade de Essex. Entretanto, ele surge não de buracos em si, mas de aglomerados de objetos.

É um problema complexo e cientistas como Wilkins estudam, quantificam e tentam explicar a tripofobia, assim como suas origens na mente humana.

O nojo pode estar enraizado na sobrevivência, portanto em nossa biologia. Wilkins e seu copesquisador Geoff Cole pensam que essa estranha repulsa tem a ver com termos evoluídos para temer formações do tipo. Agrupamentos encontrados na natureza realmente são perigosos.

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Contudo, na identificação desse processo, os pesquisadores analisaram imagens encontradas em sites de tripofobia e imagens de buracos que não desencadeiam a tripofobia, buscando as diferenças.

Então, quando um autodeclarado tripofóbico entrevistado mencionou o medo do padrão dos anéis azuis em um polvo, uma luz se acendeu em Cole. Sua conclusão e de seus colegas foi a razão evolucionária em potencial para esse medo estranho de buracos agrupados, já que o animal da imagem realmente é venenoso, portanto perigoso.

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