Temperaturas dos oceanos quebram novo recorde

Lorena Franqueto
Um novo recorde da temperatura dos oceanos foi publicado em estudo. Imagem: dimitrisvetsikas196/Pixabay.

Ano após ano, as temperaturas oceânicas aumentam devido ao também crescimento das ações humanas, como uso de combustíveis fósseis e desmatamentos. Dessa forma, um recente estudo publicado no Advances in Atmospheric Science, concluiu que as temperaturas dos oceanos quebram recorde mundial novamente em 2021, pelo sexto ano consecutivo.

Na década de 50, iniciaram-se as publicações de registros confiáveis sobre esse assunto. Mas, segundo os autores desse estudo, aumentos expressivos na temperatura oceânica apareceram apenas a partir de 1980.

beach g5580db404 1920
Imagem: kordi_vahle/Pixabay

A metodologia do estudo e os valores de calor:

Para investigar a temperatura dos oceanos, os pesquisadores utilizaram as bases de dados do Instituto de Física Atmosférica (IPA), da Academia Chinesa de Ciências (CAS), e do Centro Nacional de Informações Ambientais (NCEI), da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

Logo, eles identificaram um valor ainda maior do que 2020, considerando cada uma das fontes. Para dados do IPA/CAS, o oceano absorveu 14 ZJ (zettajoules) a mais do que os últimos dados, enquanto no NCEI/NOAA foram 16 ZJ absorvidos. Em unidade mais usual, esses valores equivalem a 240 X 1018 calorias.

Conforme os autores, esses dados corresponde a lançar sete bombas de Hiroshima no oceano por segundo. Enquanto em 2019, a conversão equivalia a “apenas” cinco dessas bombas.

O cientista climático e autor do artigo, Michel Mann, explicou mais sobre o aumento do calor nos oceanos e a relação com ações humanas: “Os oceanos estão absorvendo a maior parte do aquecimento das emissões humanas de carbono”. Além disso, esse crescimento nas temperaturas dos oceanos continuará enquanto não atingirmos baixas emissões de gases do efeito estufa, disse Mann.

Por fim, eles utilizaram simulações de modelos climático para outras análises. Por isso, também concluíram que o aquecimento a longo prazo será maior nos oceanos Atlântico e Antártico.

Inclusive, os estudiosos já identificaram os efeitos dessa elevação no calor em alguns pontos do globo. Os Estados Unidos registram, desde 2014, o aparecimento de uma massa de água quente chamada “Blob“. A principal repercussão do Blob consistiu na alteração do ecossistema da região.

Além desse prejuízo, o La Ninã também não conseguiu resfriar o oceano em grandes profundidades no ano de 2021. Geralmente, esses fenômeno natural é capaz de diminuir drasticamente a temperatura das águas do norte do Pacífico, por meio de mudanças dos ventos e das correntes oceânicas.

Qual o impacto das altas temperaturas dos oceanos?

No artigo, os autores ainda apontaram algumas consequências desse aumento do calor dos oceanos. Por exemplo, a maior frequência de desastres, como as tempestades e os furacões.

Além disso, com o aquecimento oceânico também provoca uma expansão das águas, bem como um derretimento das geleiras. No final, essas situações resultam numa elevação no nível do mar e, consequentemente, num maior risco de alagamento em cidades litorâneas.

alaska gb0ddd575d 1920
Imagem: Pixabay

Um dos cientistas do estudo, Lijing Cheng, complementou: “Os oceanos mais quentes também sobrecarregam os sistemas climáticos, criando tempestades e furacões mais poderosos, além de aumentar o risco de precipitação e inundação”.

O aquecimento dos oceanos impacta numa menor absorção de carbono, gerando acidificação dos oceanos, e uma maior quantidade de dióxido de carbono na atmosfera. Por fim, os autores concluem que o melhor entendimento das mudanças climáticas depende ainda da maior conscientização e de mais conhecimentos sobre os nossos oceanos.

Compartilhar