Tartarugas gêmeas raras são encontradas no mesmo ovo

Mateus Marchetto
Tartarugas gêmeas. Imagem:Juara Turtle Project / Facebook

Todos os anos, as tartarugas-verdes (Chelonia mydas) põem seus ovos em uma praia e zarpam para o mar novamente. As dezenas de filhotes irão enfrentar um desenvolvimento conturbado, cheio de predadores, até chegarem à fase adulta (se chegarem). Pesquisadores buscando ajudar nesse processo acabam de encontrar um par de tartarugas gêmeas dentre de um ovo, na Malásia.

A descoberta foi feita por voluntários e especialistas da Juara Turtle Project (JTP), uma organização de conservação das tartarugas na Malásia. Infelizmente, nenhuma das duas tartarugas gêmeas chegou a conseguir sair do ovo viva, mas a descoberta tem ainda assim grande valor acadêmico.

De acordo com informações da JTP em suas redes sociais, os dois animais tinham aproximadamente o mesmo tamanho e compartilhavam do vitelo (a substância nutritiva do ovo). Esse compartilhamento, inclusive, é um fator de risco para filhotes de animais selvagens, uma vez que a competição pelos recursos é acirrada.

No post do Facebook, a equipe ressalta que tartarugas gêmeas são bastante raras, apesar de alguns casos serem reportados de tempos em tempos. Além do mais, muitos filhotes podem ser albinos ou leucistas, além de terem as mais variadas características fenotípicas.

Segundo a JTP ainda, os gêmeos podem ser univitelinos ou bivitelinos. No primeiro caso, as tartarugas gêmeas vão compartilhar o mesmo vitelo e competir pelos recursos, como é o caso dessas duas tartaruguinhas. Já os bivitelinos terão vitelos separados, apesar de ainda competirem pelo espaço e demais nutrientes.

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Imagem: confused_me / Pixabay

Como a JTP descobriu as tartarugas gêmeas

A organização promove já há vários anos um projeto de proteção dos ovos de tartarugas nas praias da Malásia. Assim, voluntários e especialistas acompanham os animais durante o desenvolvimento inicial, até eles chegarem ao mar.

Para além disso, as equipes de JTP resgatam os ovos dos locais onde as mães os colocaram e os levam para uma área segura. Nessa área a equipe enterra os ovos novamente para que eles possam eclodir em um ambiente livre de predadores e ameaças humanas.

Além disso, a JTP ainda paga moradores para coletarem ovos e levarem até a equipe. Esse tipo de incentivo aumenta a chegada de filhotes saudáveis ao mar ambos pela maior quantidade de ovos e pelo incentivo cultural à proteção dos animais.

Na ninhada das tartarugas gêmeas, por exemplo, havia mais de 100 outros ovos. A maioria eclodiu normalmente e de forma saudável, mas frequentemente alguns filhotes não conseguem sair dos ovos, mesmo ainda vivos. Portanto, depois de certo tempo, a JTP desenterra os ovos para auxiliar os filhotes que não conseguem sair das cascas, bem como registrar os que não sobreviveram.

Deste modo os voluntários conseguiram encontrar, então, as tartarugas gêmeas ainda dentro de seu ovo.

Vale ressaltar que as tartarugas-verdes são uma das espécies mais ameaçadas de tartarugas marinhas. Estes animais sofrem pela ação de predadores naturais, caça humana, além da pesca (e consequente morte) acidental e poluição dos oceanos.

O post está disponível no Facebook da JTP.

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