Cientistas cogitam furacões de Categoria 6, devido ao aquecimento global

O potencial destrutivo de um furacão é gigantesco. O furacão Katrina (2005) e o furacão Ian (2022) que atingiram os EUA foram catastróficos e ainda hoje algumas regiões não se recuperaram de ambos.

Daniela Marinho
Furacão Ian próximo de Cuba. Imagem: NOAA / Getty Images

Furacão é o nome dado ao evento natural que se forma como parte dos processos atmosféricos normais, especificamente sobre águas quentes, quando certas condições atmosféricas são favoráveis, como alta umidade, baixa pressão atmosférica e ventos convergentes extremamente fortes, geralmente com velocidades superiores a 119 quilômetros por hora.

Até então, os furacões são classificados de acordo com a Escala de Furacões de Saffir-Simpson, que vai de Categoria 1 (ventos entre 119-153 km/h) a Categoria 5 (ventos superiores a 253 km/h). No entanto, com o aumento da temperatura na Terra, devido ao aquecimento global, cientistas climáticos estão propondo a introdução de uma nova categoria, a Categoria 6, que abrangeria tempestades com velocidades de vento maiores.

Relação entre temperatura dos oceanos e furacões

A temperatura dos oceanos desempenha um papel fundamental na formação e na intensidade dos furacões. Durante o acontecimento de um furacão, a energia contínua das águas quentes permite sua manutenção e intensificação. A temperatura superficial do mar acima de um certo limiar é essencial para a formação de tempestades tropicais.

Além disso, o aumento da temperatura dos oceanos contribui para furacões cada vez mais intensos e destrutivos.

Desse modo, os cientistas climáticos Michael Wehner, do Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (Berkeley Lab), e James Kossin, da First Street Foundation, questionaram-se se a Categoria 5 aberta é suficiente para comunicar o risco de danos do furacão em um clima quente.

Hipotética categoria 6 de furacões

No estudo publicado no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), os cientistas não só questionam sobre a Categoria 5 não ser mais tão abrangente, mas também elaboram uma hipotética Categoria 6 de furacões na Escala de Vento Saffir-Simpson que seria mais adequada para abranger tempestades de ventos mais fortes, com mais de 309 km/h.

Wehner explica que “A nossa motivação é reconsiderar como a abertura da Escala Saffir-Simpson pode levar à subestimação do risco e, em particular, como esta subestimação se torna cada vez mais problemática num mundo em aquecimento”.

Aquecimento global antropogênico

O aquecimento global causado pela atividade humana – antropogênico – aumentou bastante as temperaturas dos oceanos e do ar em regiões onde ocorrem furacões, ciclones tropicais e tufões.

Isso significa que essas tempestades agora têm mais calor para se fortalecerem e se tornarem mais intensas. Embora chamemos essas tempestades por nomes diferentes dependendo de onde ocorrem, elas são basicamente o mesmo tipo de fenômeno climático.

Furacões se formam no Atlântico Norte e no Nordeste do Pacífico, tufões se formam no Noroeste do Oceano Pacífico, e ciclones tropicais se formam no Pacífico Sul e no Oceano Índico.

Furacões de Categoria 6 já aconteceram

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Imagem: Canva

Quando os cientistas analisaram os dados históricos de furacões de 1980 a 2021, descobriram que cinco tempestades poderiam ter sido consideradas como Categoria 6. Surpreendentemente, todas essas tempestades ocorreram nos últimos nove anos desse período.

Eles estabeleceram um limite superior para furacões de Categoria 5, examinando como as velocidades do vento aumentaram entre as tempestades de categorias inferiores.

Seus modelos sugerem que com um aumento de dois graus Celsius na temperatura global acima dos níveis pré-industriais, o risco de tempestades de Categoria 6 pode aumentar em até 50% nas proximidades das Filipinas, enquanto no Golfo do México, o risco duplica.

Conscientização sobre os perigos

Segundo Kossin, “Os nossos resultados não pretendem propor mudanças a esta escala, mas sim aumentar a consciência de que o risco de vento causado por tempestades atualmente designadas como Categoria 5 aumentou e continuará a aumentar sob as Mudanças climáticas.”

Em suma, os cientistas não pretendem alterar substancialmente a escala, mas complementá-la. “Ao adicionar uma 6ª categoria ao Saffir […] poderia aumentar a conscientização sobre os perigos do aumento do risco de grandes furacões devido ao aquecimento global”, acrescenta o cientista.

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