Células cerebrais ‘cansadas’ podem distorcer sua noção de tempo

Amanda dos Santos
O tempo do seu cérebro pode ser alterado. (Imagem: Pixabay)

Já reparou que o tempo parece voar em determinados momentos e praticamente ficar parado em outros? Em parte, essa sensação distorcida da noção do tempo pode ser causada pelo cansaço em suas células cerebrais.

É o que aponta um novo estudo.

Do mesmo modo, quando o cérebro é exposto ao mesmo intervalo de tempo exato muitas vezes, os neurônios ou células cerebrais ficam superestimulados e disparam com menos frequência, diz o estudo. No entanto, nossa percepção de tempo é complicada.

Ainda mais, muitos outros fatores também podem explicar por que o tempo se move lentamente às vezes e rapidamente em outros momentos.

Modo como o cérebro percebe o tempo

Os pesquisadores encontraram as primeiras evidências de neurônios cuja atividade flutua com a nossa noção de tempo apenas em 2015, então ainda é muito recente a nossa percepção e entendimento de como os nossos cérebros percebem o tempo de fato.

Bem como não estava claro se esses neurônios, encontrados em uma pequena região do cérebro chamada giro supramarginal, estavam mantendo o tempo para o cérebro ou criando uma experiência subjetiva de tempo.

ampulheta e a noção de tempo

Como o novo estudo foi feito? Os pesquisadores utilizaram uma “ilusão do tempo” em 18 voluntários saudáveis e conectaram esses participantes a uma máquina de imagem de ressonância magnética que mede a atividade cerebral.

A atividade cerebral detecta mudanças no fluxo sanguíneo. Os voluntários então passaram por um período de “adaptação”, no qual foi mostrado um círculo cinza em um fundo preto por 250 milissegundos ou 750 milissegundos por 30 vezes consecutivas.

Depois, os participantes viram outro círculo por um determinado período de tempo como um “estímulo de teste”. Em seguida, eles foram orientados a ouvir o ruído branco por um determinado período de tempo e questionados se o estímulo do teste era mais longo ou mais curto que o ruído branco.

Observação: o ruído branco foi usado como referência porque um estímulo auditivo não é afetado pela adaptação visual, mas o estímulo de teste visual sim.

Descoberta da pesquisa

Os pesquisadores descobriram que, se o estímulo do teste fosse semelhante em duração ao estímulo de adaptação em duração, a atividade supramarginal diminuía.

Em outras palavras, os neurônios daquela região dispararam menos do que quando foram expostos ao círculo cinza pela primeira vez.

O autor principal do estudo Masamichi Hayashi, neurocientista cognitivo do Centro de Redes Neurais e de Informação do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação e Comunicação no Japão, disse que a ideia é que essa repetição “canse os neurônios”, que são sensíveis a essa duração.

conexões neurais

Mas outros neurônios que são sensíveis a outras durações ainda estavam ativos.

Logo depois, essa diferença no nível de atividade cerebral distorceu a percepção de tempo dos participantes, disse o neurocientista para a Live Science.

Ou seja: se exposto a um estímulo mais longo do que a duração para a qual o cérebro foi adaptado, o participante superestimou o tempo e se exposto a um estímulo mais curto, o participante subestimou o tempo.

Isso pode distorcer nosso senso de tempo no mundo real.

Mas o neurocientista adverte que não podemos dizer neste ponto que a fadiga dos neurônios ‘causou’ uma percepção distorcida do tempo porque o estudo mostrou apenas uma correlação entre a fadiga dos neurônios e a distorção do tempo subjetivo.

O próximo passo é examinar a relação causal. As descobertas foram publicada na revista JNeurosci.

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