Sabia que você pode ter genes de realeza na sua genética?

Letícia Silva Jordão
Imagem: Pintura oficial da coroação de Carlos Magno

O programa da BBC chamado Who Do You Think You Are possui 18 temporadas recheadas de episódios onde as celebridades convidadas acabam descobrindo que possuem genes de realeza após fazerem o seu mapeamento genético.

Para se ter uma ideia, o comediante inglês Josh Widdicombe descobriu que era parente do rei Eduardo I, e o ator de novela Danny Dyer descobriu ser descendente de Edward III.

Por mais que isso pareça apenas uma coincidência curiosa, cientistas dizem que isso é mais comum do que se pensa. Se nós voltarmos para muito tempo atrás na história européia, conseguimos ter probabilidades de quase 100% de encontrar uma conexão com a realeza da época.

Ter genes de realeza é mais comum do que se pensa

Segundo o genealogista Graham Holton, ter genes de realeza não é algo incomum. Ele mesmo é parente de Edward I e estima que até dois milhões de pessoas também tenham relação com ele. Isso acontece porque encontrar esse parentesco pode ser mais fácil por conta dos registros existentes. 

As elites dos tempos antigos tinham o costume de sempre registrar o nascimento e morte de pessoas de realeza. Porém, o mapeamento pode não ficar assertivo porque muitas pessoas da elite possuíam casos extraconjugais, fazendo com que eles gerassem filhos que não fossem reconhecidos oficialmente. Isso acaba fazendo com que o número de pessoas que possuem genes de realeza possa aumentar consideravelmente.

Entretanto, além da genética, também temos que considerar a quantidade de pessoas que pode existir em uma árvore genealógica. Os humanos viveram em aproximadamente 300 gerações, o que faz com que seja difícil para nós termos uma linhagem separada.

Dessa forma, a quantidade de pessoas na nossa árvore genealógica pode ser tão grande, que conseguimos encontrar um ancestral comum de todos, e esse fato intrigou a mente de um cientista que resolveu pesquisar mais a fundo.

O ancestral que existe em todas as árvores genealógicas

O estatístico Joseph Chang, da universidade de Yale, realizou um estudo matemático em 1998 com o objetivo de responder uma pergunta: quão longe um estudo genealógico teria que ir antes de encontrar um ancestral comum para todos os europeus vivos hoje?

Para responder essa questão, Chang criou um modelo matemático que descobriu que um ancestral comum para todos os europeus teria existido há 600 anos atrás. Na prática isso significa que se todos os europeus pudessem traçar a sua ancestralidade até 1400, as suas árvores genealógicas teriam um mesmo indivíduo em particular.

Para ajudar nessa compreensão, Adam Rutherford, um geneticista britânico publicou um artigo no The Guardian que explica como todos os europeus vivos hoje descendem de Carlos Magno. Além de Chang e Rutherford, o jornalista Steve Olson foi além e explicou como as descobertas de Chang se aplicam a todas as pessoas vivas do continente americano, já que no passado houve uma longa história de casamentos mistos no continente. Dessa forma, cada vez mais pessoas no mundo têm a chance de ter genes de realeza.

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