Potencial das baterias nucleares para a humanidade é grandioso

Daniela Marinho
Imagem: Canva

Ainda há diversos estigmas com relação ao uso da energia nuclear motivados por algumas desvantagens expressivas, como o problema do lixo nuclear – que pode poluir o meio ambiente — e o escape de radiação de um reator nuclear por uma série de defeitos, cujo efeito é catastrófico. No entanto, cada vez mais, esse tipo de energia tem ampliado possibilidades em meio a um mundo em desenvolvimento.

Nesse contexto, o potencial das baterias nucleares para o planeta e para o homem é promissor e revolucionário.

Baterias nucleares são o futuro

A eficiência na transformação de energia é um desafio que enfrentamos em diversas fontes. Apenas cerca de um terço da energia primária em muitas fontes consegue ser convertido em uma forma que podemos realmente usar. Isso se torna evidente especialmente em tecnologias como solar e eólica, onde a física impõe limitações no processo de conversão.

Entretanto, a história muda um pouco quando olhamos para combustíveis fósseis e energia nuclear. Nestes casos, a maior parte da energia é perdida devido ao fato de termos um propósito específico para a energia, como gerar eletricidade ou propulsão.

Infelizmente, os outros dois terços acabam sendo descartados como calor residual, o que representa uma oportunidade perdida de aproveitar completamente o potencial dessas fontes.

Desse modo, a humanidade está à beira de uma transformação significativa nos sistemas e mercados de energia e indústria, que pode em breve espelhar as mudanças dramáticas nos meios de comunicação social e na tecnologia sem fio. Um avanço promissor nessa direção é a evolução iminente de tecnologias como baterias nucleares.

No Instituto de Tecnologia de Massachusetts, pesquisadores lideram há algum tempo uma iniciativa revolucionária chamada Grupo Avançado de Especialistas em Produção e Nuclear (ANPEG). Essa colaboração envolve indústria, laboratórios nacionais e acadêmicos, com o objetivo de desenvolver uma bateria nuclear adaptada ao contexto moderno.

O projeto conceitual da Bateria Nuclear MIT/ANPEG, incluindo (da esquerda para a direita) a instrumentação e módulo de controle, o reator, módulo de blindagem e transferência de calor e o módulo de potência. Imagem: Divulgação ANPEG
O projeto conceitual da Bateria Nuclear MIT/ANPEG, incluindo (da esquerda para a direita) a instrumentação e módulo de controle, o reator, módulo de blindagem e transferência de calor e o módulo de potência. Imagem: Divulgação ANPEG

Ganhos para a humanidade

A adaptabilidade local desempenha um papel crucial no contexto dos países em desenvolvimento. As baterias nucleares oferecem uma flexibilidade extraordinária, sendo passíveis de serem implantadas em ambientes urbanos, rurais e até mesmo marítimos.

Uma das principais vantagens é a capacidade de ativar essas unidades praticamente de imediato, fornecendo eletricidade, água potável e outros serviços essenciais à comunidade. Essa mobilidade e prontidão operacional podem ser catalisadores poderosos para impulsionar o progresso e melhorar as condições de vida em áreas que necessitam urgentemente desses recursos vitais.

Iain MacDonald, cofundador ANPEG reflete que “A Bateria Nuclear é um avanço energético fundamental tanto na forma como na função, mudando a forma como a energia nuclear é percebida pelo público e pelas partes interessadas e diferenciando-a de todas as outras fontes de energia na sua capacidade de abordar a adaptação às alterações climáticas e o padrão de vida num sistema limpo.”

Enfrentamento de desafios sociais e ambientais

Segundo um estudo elaborado pelo instituto Iniciativa Energética do MIT é preciso expandir a energia nuclear como resposta aos desafios críticos das mudanças climáticas e da pobreza. As baterias nucleares emergem como peças-chave nesse quebra-cabeça, oferecendo uma solução promissora para as dificuldades enfrentadas em favelas, por exemplo.

Atualmente, mais de um bilhão de pessoas vivem sem acesso a eletricidade para tarefas básicas como cozinhar, iluminar e aquecer, além de carecerem de saneamento moderno, água potável e habitação adequada.

Assim sendo, para erradicar a pobreza global e combater as mudanças climáticas, estima-se que serão necessários mais de 35 trilhões de kWh por ano até 2040, quando a população mundial atingir os 10 bilhões.

Dessa maneira, a busca por soluções sustentáveis e acessíveis é crucial para enfrentar esses desafios de maneira eficaz. As baterias nucleares, portanto, demonstram que são alternativas mais que viáveis.

Avanços recentes em baterias nucleares

A Betavolt, uma startup chinesa, anunciou recentemente um grande avanço tecnológico com a criação de uma bateria nuclear compacta capaz de fornecer energia elétrica por até 50 anos sem recarga ou manutenção.

Este feito notável foi alcançado através da miniaturização da energia atômica, confinando 63 isótopos nucleares em um módulo reduzido, com dimensões inferiores às de uma moeda.

A fase de teste piloto já está em andamento, e a expectativa é que a produção em massa torne a tecnologia disponível para uma variedade de aplicações comerciais, desde dispositivos móveis a equipamentos aeroespaciais e médicos.

A Betavolt promete uma solução energética segura e ambientalmente compatível, que poderá não apenas transformar o mercado de baterias portáteis mas também estabelecer novos paradigmas para o fornecimento de energia de longa duração.

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