O estorninho, ave presente em diversas partes da Ásia, Américas e Europa — atualmente presente até mesmo no Brasil —, é conhecido por seu voo em bando. Suas formações aéreas são marcantes por mudarem rapidamente, criando formas impressionantes no ar, que surpreendem os olhos.
Eles se afastam e se amontoam logo em seguida, depois repetem todo o processo, mudam de direção, alçando voo aos céus para depois cair em disparada lá de cima. Uma murmuração — o termo usado para esse voo em bando específico — pode se mover velozmente, alcançando até 80 km/h.
Diversas espécies de pássaros formam bandos quando estão buscando comida ou em processo migratório. A murmuração, todavia, é diferente. Esse tipo especial de bando é nomeado dessa forma devido ao som que faz, semelhante a um murmúrio baixo, quando milhares de asas estão batendo uma após a outra.
As murmurações se formam cerca de uma hora antes durante o outono, inverno e início da primavera, próximo ao horário em que os pássaros estão se preparando para dormir. Após uns 45 minutos de performance aérea, os estorninhos retornam aos seus poleiros para o descanso noturno.
Por que os estorninhos formam o voo em bando – as murmurações?
Ao contrário das formações em V de gansos em migração, as murmurações não dão uma vantagem aerodinâmica. Os cientistas acreditam que a murmuração é um convite visual para atrair outros estorninhos em busca de formar um conjunto nos poleiros durante a noite.
Uma das teorias é que passar a noite assim os mantêm aquecidos, pois compartilham o calor corporal. Também pode reduzir a chance de um pássaro individual ser atacados durante a noite por um predador, como corujas.
Aliás, isso também pode ser um motivo para as murmurações: quanto mais estorninhos no bando, menor o risco de um deles ser aquele que será atacado por um predador. Predadores, de maneira geral, costumam atacar a presa mais próxima, então o rodopiar de uma murmuração pode ocorrer quando os pássaros tentam escapar para a parte interna da multidão, onde é mais seguro.
Além disso, quanto mais pássaros no bando, mais olhos à espreita de ameaças. Um enxame tão grande também pode dificultar o foco dos predadores. Um falcão ou gavião pode se confundir e se distrair pelas movimentações nas murmurações, e precisa de cuidado para não colidir contra elas.
E como eles coordenam seus movimentos?
As murmurações não seguem nenhum plano, tampouco possuem líderes. Os cientistas acreditam que os movimentos são coordenados pelas próprias observações dos estorninhos, que assistem o que os pássaros ao redor estão fazendo.
Pássaros no meio podem ver através do bando em todos os lados, inclusive nas bordas e além. De alguma maneira eles conseguem acompanhar o padrão de movimento, assim acompanhando-o de acordo.
Matemáticos e cientistas de computadores estão tentando criar murmurações virtuais, com modelos em 3D. Existem outros animais que se movimentam em bando assim, como peixes. Biólogos, engenheiros, físicos e matemáticos estão tentando descobrir como isso tudo ocorre.
Os estudos podem ter aplicações práticas, como descobrir uma forma de desenvolver veículos autônomos que podem viajar próximos uns aos outros, trabalhando em conjunto sem colidirem.
