Por que o tempo passa mais rápido quando estamos nos divertindo?

Ruth Rodrigues
(Shutterstock)

O cérebro interpreta a passagem do tempo de forma diferenciada. Por exemplo, quando o dia é produtivo e um individuo está feliz, a sensação é de que as horas estão passando mais rápido. Mas caso o dia seja chato e depressivo, parece que nunca terminará.

Como o cérebro reconhece as expectativas diárias?

A medida em que pensamos em qual será a programação para o dia seguinte, inconscientemente o cérebro acaba criando algumas expectativas sobre o que poderá acontecer. Dessa forma, vários cenários e diálogos vão sendo criados, enquanto se espera que as horas se passem rapidamente, para tal momento chegar.

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Para o Dr. Michael Shadlen, neurocientista do Centro Médico Irving da Universidade de Columbia, na cidade de Nova York, cada pensamento possui vários ‘horizontes’. Assim, em cada situação criada pelo cérebro acerca do que poderá acontecer, ele deixa lacunas e gera uma onda involuntária de ansiedade.

tempo passa mais rápido
Durante o show de uma banda preferida, o tempo costuma passar mais rápido. (Pixabay)

Portanto, a sensação de que o tempo se move mais depressa quando estamos felizes pode estar correlacionada com o modo no qual nós tentamos antecipar esses ‘horizontes’. Quanto mais almejamos algo, maior serão as horas de espera até a chegada de tal ocasião. É bastante comum sentir os minutos passarem devagar quando estamos entediados e sem esperanças para o que poderá acontecer no dia seguinte.

Segundo Joe Paton, neurocientista da Fundação Champalimaud, uma fundação privada de pesquisa biomédica em Portugal, “é quase certo que haja uma infinidade de mecanismos de sincronização no cérebro”. Entretanto, ainda não há evidências de qual parte do cérebro essas sensações são iniciadas.

A passagem do tempo segundo o cérebro

Em uma pesquisa realizada por Paton e sua equipe, no momento em que estamos fazendo uma atividade, as células cerebrais tendem a formarem uma rede ao se ativarem. Assim, quanto mais rápido essas conexões forem formadas, mais veloz será a percepção dos minutos se passando.

Durante um outro estudo feito por Paton e sua equipe, foi observado que, o conjunto de neurônios responsáveis pela liberação da dopamina, interfere na forma como percebemos as horas passarem. A dopamina é um neurotransmissor com bastante importância no dia a dia, pois interfere no humor, bem como no sentimento de recompensa.

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Quando estamos nos divertindo e sentido felizes, a dopamina está sendo liberada por essas células. Com isso, essa substância química em grande quantidade passa a impressão de que o relógio avançou mais rápido.

Agora, no momento em que ficamos entediados ou sem muita expectativa para os próximos dias, a dopamina é liberada em baixas concentrações. Dando a impressão de que as horas estão se arrastando, como uma tarde tediosa de domingo.

tédio o tempo passa devagar
(Pixabay)

Mesmo que essa temática desperte a curiosidade dos cientistas, o modo como o cérebro interpreta a passagem das horas ainda não está clara. No entanto, essa característica pode ser uma vantagem evolutiva que ajuda os seres humanos na hora de tomarem alguma decisão. Por exemplo, quando formamos uma memória sobre determinado lugar, e somos chamados para retornar até ele, nosso cérebro rapidamente acessa as lembranças que lá foram feitas. Assim, caso o tempo vivido no local tenha feito a concentração de dopamina aumentar, a expectativa de um retorno fará os minutos passarem mais lentamente.

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