Poeira cósmica coletada nos polos e nas catedrais podem revelar e origem da Terra

Rafael Motta
Imagem: Bell Museum

O pesquisador britânico Matthew Genge, do Imperial College London, alega que a poeira cósmica que chegou ao nosso planeta, sobretudo nos polos, pode trazer respostas sobre a origem da Terra e do nosso sistema solar. Contudo, encontrá-la por aqui não é uma tarefa fácil.

Acontece que as nuvens de poeira interplanetárias são, em grande parte, “varridas” de nosso planeta por conta da atmosfera. Apenas uma quantidade minúscula consegue atravessá-la e seu acúmulo costuma ser mais frequente na Antártida.

Genge coletou poeira cósmica por aproximadamente sete semanas na região: trata-se de uma incursão promovida por meio do programa Antarctic Search for Meteorites (Ansmet), ou “Busca na Antártida por Meteoritos”, em tradução livre. O pesquisador passou anos estudando tudo o que coletou durante a viagem – cerca de 5kg de materiais. 

De acordo com o estudioso, a Antártida é a melhor região da Terra para buscar estes materiais cósmicos. O motivo é o clima bastante seco, o que ajuda a conservar a poeira cósmica por muito mais tempo que em lugares mais quentes e úmidos. Além disso, a região é muito mais limpa, o que garante uma melhor integridade das amostras.

Poeira cósmica em telhados?

Penny Wozniakiewicz, pesquisadora da Universidade de Kent, no Reino Unido, prefere dedicar seus esforços à busca por poeira cósmica em telhados de edificações antigas e abandonadas. 

catedral de Canterbury
Catedral de Canterbury. Imagem: Getty Images

Segundo a pesquisadora, os prédios antigos são mais interessantes para a pesquisa, pois são normalmente mais intocados que construções modernas. Ações regulares de limpeza em telhados, por exemplo, podem invalidar completamente a pesquisa em certos lugares.

Wozniakiewicz conseguiu obter um pouco de poeira cósmica nos telhados das catedrais de Rochester e Canterbury. 

O processo de classificação de materiais pode ser bastante dispendioso: é preciso limpá-los cuidadosamente, uma vez que as amostras não são limpas e íntegras como as encontradas na Antártida. 

Depois de limpar as amostras, estas são colocadas em uma peneira para separar os pedaços que são suficientemente pequenos para serem poeira cósmica, mas grandes o suficiente para serem estudados pela equipe. 

Uma das principais características da poeira cósmica são seus sinais claros de exposição à radiação solar: são isótopos reativos que se desintegram em uma velocidade bastante acelerada.

Matthias van Ginneken, co-líder do projeto com Wozniakiewicz, quer fazer arte por meio de seus estudos: maquetes tridimensionais serão desenvolvidas para serem exibidas nas catedrais em que a poeira cósmica foi encontrada.

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