A Terra é o antro de toda a vida conhecida do planeta. Mas isso não significa que a Terra seja o único planeta que hospeda vida no universo. Agora mesmo estamos buscando por vida em Vênus, além dos olhares voltados para Marte e as luas de Júpiter e Saturno, como Europa e Titã. Além disso, podemos já conhecer planetas com condições melhores para a vida do que a própria Terra.
A ideia foi proposta por um trio de pesquisadores em um estudo publicado no periódico Astrobiology, liderados por Dirk Schulze-Makuch, da Technische Universität Berlin, Alemanha. Eles argumentam que planetas um pouco mais quentes (em relação à temperatura média), um pouco mais úmidos e um pouco mais velhos, melhores do que a Terra.
“Argumentamos que poderia haver regiões do espaço de parâmetros astrofísicos de sistemas estrela-planeta que poderiam permitir que os planetas fossem ainda melhores para a vida do que a nossa Terra”, dizem os pesquisadores no artigo. Eles explicam que é possível criar uma lista restrita, com 24 contendores principais entre os mais de 4.000 exoplanetas potencialmente habitáveis conhecidos.
Novas oportunidades, novas necessidades
A ideia principal é criar um filtro. Conhecemos muitos planetas parecidos com a Terra. Mas por onde começar? Então, com uma pré-filtragem com base em evidências confiáveis do que torna um planeta mais ou menos potencialmente habitável, há uma facilidade maior. Portanto, há uma necessidade da busca por destaques.
![Impressão artística de uma Superterra. (Créditos da imagem: ESO / M. Kornmesser)](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/10/1280px-Artists_impression_of_the_surface_of_a_super-Earth_orbiting_Barnards_Star.jpg)
Por exemplo, muitos planetas, embora estejam nas zonas habitáveis de suas estrelas, apresentam condições extremas de mais. “Com os próximos telescópios espaciais chegando, teremos mais informações, por isso é importante selecionar alguns alvos”, explica Schulze-Makuch em um comunicado.
“Temos que nos concentrar em certos planetas que têm as condições mais promissoras para uma vida complexa”
Mas Schulze-Makuch acrescenta os cuidados necessários para com os nossos vieses, em relação à Terra. “No entanto, temos que ter cuidado para não ficar preso à procura de uma segunda Terra porque pode haver planetas que podem ser mais adequados para a vida do que o nosso”, completa o cientista.
Schulze-Makuch é geobiólogo, e sua especialidade é habitabilidade planetária. Ele se uniu, para o estudo, com René Heller e Edward Guinan, ambos astrônomos. Dentre 4.500 planetas que apresentavam características de habitabilidade, a ideia era selecionar aquele super-habitáveis.
Buscando por condições melhores para a vida
Os planetas potencialmente habitáveis são, geralmente, classificados de uma forma grosseira, no bom sentido da palavra. Trata-se de uma classificação generalista. Estar na zona habitável significa apenas estar em uma região onde o planeta recebe uma quantidade moderada de radiação. A radiação precisa ser o suficiente para manter a água líquida em condições de pressão semelhantes à Terra.
Os pesquisadores, então olharam para novos pontos. Algumas estrelas morrem muito rápido – as muito grandes. Eles deviam, então, olhar para estrelas mais velhas. O Sol possui 4,5 bilhões de anos, e está na metade de sua vida. Na classificação estelar, o ideal seria uma estrela do tipo K (o sol é uma estrela G).
![Morgan Keenan spectral classification](https://socientifica.com.br/wp-content/uploads/2020/10/Morgan-Keenan_spectral_classification.png)
Menores e mais frias do que o Sol, a vantagem das estrelas K é que elas são capazes de viver por muito tempo – entre 20 e 70 bilhões de anos. Já que o Sol viverá 10 bilhões, elas vivem pelo menos o dobro do que o Sol. Isso oferece um maior tempo e oportunidades para que a vida surja, além de oferecer um maior tempo para o desenvolvimento dessa vida.
Um planeta um pouco maior do que a Terra, cerca de 1,5 vezes o tamanho, também seria mais vantajoso. Um planeta maior possui, então, uma capacidade maior de manter a atividade geológica em funcionamento por um tempo um pouco mais longo. A atividade geológica exerce funções importantes, dentre a criação de um campo magnético para a proteção de radiação, aquecimento de fontes hidrotermais para a retirada de energia, etc.
O estudo foi publicado no periódico Astrobiology. Com informações de Live Science e Washington State University News.