Estudo mostra por que o estresse causa perda de cabelo

Mateus Marchetto
Pesquisadores descobriram um mecanismo molecular para a perda de cabelo por estresse, após anos de pesquisa. (Martin Slavoljubovski/Pixabay)

Por muito tempo pesquisadores vêm traçando uma relação entre estresse e a perda de cabelo. Você mesmo, por exemplo, pode já ter passado por uma queda de cabelo aguda durante períodos de estresse em sua vida. Contudo, pesquisadores acabam de encontrar uma possível explicação molecular para essa doença crônica.

No estudo, publicado na revista Nature, pesquisadores da Universidade de Harvard mostraram como o estresse aumenta a perda de cabelo em ratos. Para avaliar isso, foi preciso fornecer uma dose de corticosterona para os ratinhos. Esse hormônio funciona nos roedores de forma similar ao cortisol para os humanos – disparando um comportamento de fuga/luta, vulgo estresse.

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Kalhh/Pixabay

No entanto, acreditava-se que o hormônio do estresse agia diretamente nas células-tronco dos folículos capilares, o que na verdade não acontece. Por meio de cortes histológicos, os pesquisadores mostraram que a corticosterona age nas papilas dérmicas do couro cabeludo.

Essa camada de células fica abaixo dos folículos e libera uma proteína que estimula o desenvolvimento das células tronco dos folículos capilares, a GAS6. O estudo mostrou, por conseguinte, que a corticosterona evita a produção de GAS6 e, portanto, causa a parada do desenvolvimento das células-tronco capilares. Ademais, quando os pesquisadores adicionaram GAS6 extra no organismo dos animais, os ratinhos ficaram mais cabeludos que o normal.

Efeitos do estresse e tratamentos

Você já deve ter lido ou ouvido por aí que o estresse é um mecanismo natural de sobrevivência dos animais. De fato, animais mais preocupados, que se alarmavam por pouca coisa, acabaram escapando mais facilmente de predadores e inimigos, deixando seus genes como herança para nós.

Porém, a sociedade moderna vem aumentando cada vez mais os níveis basais de estresse de humanos. Rotinas cheias, sono desregulado e má alimentação são apenas alguns dos motivos principais para transtornos relacionados ao estresse. Toda essa loucura cotidiana causa, claro efeitos colaterais, que podem ir da perda ou descoloração do cabelo a problemas cardíacos precoces.

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Papilas dérmicas (em verde) (Laboratório HSU, Universidade de Harvard )

Entender o funcionamento da perda de cabelo, portanto, pode ajudar a desenvolver medicamentos eficazes para a calvície e mesmo a perda de cabelo por conta da COVID-19. Institutos de pesquisa dos EUA, inclusive, já estão avaliando os resultados do estudo para desenvolver nos próximos anos, se possível, um tratamento eficaz para a perda de cabelo – coisa que ainda não existe atualmente.

O artigo científico está disponível no periódico Nature.

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