Cientistas descobrem gene essencial para a respiração logo após o nascimento

Mateus Marchetto
Cientistas descobriram um neurotransmissor que pode ajudar a proteger a respiração dos bebês após o nascimento. (Imagem de Engin Akyurt por Pixabay)

A respiração é um dos mecanismos essenciais do corpo. Todos os seres vivos precisam de algum tipo de respiração, seja de O2 ou não. Contudo, existe um momento no qual esse processo muda muito para os humanos – o nascimento. Após o nascimento os bebês precisam ter estímulos e reações que os façam dar o primeiro suspiro fora da barriga da mãe. Nesse sentido, pesquisadores descobriram um peptídeo que ajuda a regular e iniciar a respiração no momento do nascimento da criança.

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Fazendo testes em camundongos recém-nascidos, os pesquisadores observaram uma coisa interessante. Uma cascata química era ativada logo durante o nascimento do animal. Essa cascata resultava na produção de um neurotransmissor. Essa última molécula, chamada de PACAP – o que na verdade é uma família de transmissores – se mostrou essencial para o início da respiração. Isso porque os roedores que não expressaram o gene que produzia essa molécula acabaram vítimas da Síndrome da Morte Súbita Infantil.

Essa síndrome, aliás, é uma das principais causas de morte de recém-nascidos em todo o mundo. Contudo, ainda não se sabe exatamente o que causa de fato a doença. Portanto, os estudo pode ser um dos primeiros passos em direção à resolução desse problema.

O momento do nascimento é um trauma para o bebê

Enquanto a criança está na barriga da mãe, ela recebe a todo momento tudo que precisa. A placenta é responsável por fazer as trocas gasosas e de nutrientes entre a mãe e o feto. Todavia, após o nascimento, o bebê precisa aprender rápido a fazer tudo sozinho. Uma das primeiras coisas que ele precisa fazer, aliás, é respirar.

Por isso é, inclusive, importante que a criança chore após o parto, para que haja mais ventilação nos pulmões. Contudo, mesmo até 1 ano de idade, bebês correm o risco da Síndrome da Morte Súbita Infantil. Essa síndrome acontece quando há uma desregulação ou parada completa no sistema respiratório da criança, sendo fatal ao bebê. Fatores genéticos e cuidados ambientais podem influenciar para um maior risco da síndrome. Crianças expostas a fumaça de cigarros ou colocadas para dormir de bruços acabam sendo mais susceptíveis a esse problema.

Contudo, no momento do nascimento, acontecem várias alterações epigenéticas no corpo do bebê. Ou seja, muitos genes são ativados e muitos são silenciados. Isso faz com que novos neurotransmissores circulem pelo sistema nervoso da criança, incluindo os PACAP. A ativação desse transmissor, aliás, favorece não só a respiração nos primeiros momentos após o parto, mas o estudo indica que ele pode proteger o sistema respiratório da criança a longo prazo.

A respiração e a genética

Durante todo o desenvolvimento de uma criança, milhares de genes atuam rotineiramente. Isso porque o DNA carrega não só as informações da aparência – como os olhos e a cor da pele – mas também todas as formas de funcionamento do corpo. Ou seja, todas as funções mais básicas do corpo são iniciadas e reguladas por genética.

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(Imagem de kostkarubika005 por Pixabay)

Por esse motivo é importante entender o que acontece dentro das células dos bebês antes, durante e após o nascimento. Como dito antes, a Síndrome da Morte Súbita Infantil ainda é um mal pouco compreendido pela medicina.

O estudo científico foi publicado no periódico Nature.

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