Ossos da maior ave do mundo são encontrados

Daniela Marinho
Ossos encontrados da ave-trovão de Stirton. Imagem: Divulgação Museum and Art Gallery of the Northern Territory

A Austrália, país situado na Oceania, é conhecida, entre outros aspectos, como sendo a casa de muitos animais exóticos, por vezes que batem recordes quanto ao seu tamanho ou que possuem outra característica peculiar. Recentemente, ossos do que poderia ser a maior ave do mundo foram encontrados em um sítio fóssil na Austrália central.

O país, cujo território é um dos maiores do mundo — mais de 7,6 mil km² — abriga o maior ecossistema do mundo. Localizado no nordeste da costa australiana, o mar de coral é composto por quilômetros de corais, aproximadamente 2.500 recifes.

Além disso, há diversos sítios arqueológicos espalhados pelo território australiano que auxiliam no trabalho dos paleontólogos e suas descobertas fascinantes, visto que na Austrália há uma fauna exclusiva; ou seja, algumas espécies existem apenas nessa parte do mundo e outras surgem devido à localização e genética isoladas.

Nesse cenário, os restos do animal encontrados no território correspondem a uma espécie de ave de medidas gigantescas: corpo de 3 metros, podendo pesar até meia tonelada.

A ave-trovão de Stirton

Os ossos achados, mais precisamente, um par de pernas, correspondem a uma espécie de ave pertencente a megafauna australiana que já viveu em nosso planeta – conhecidos apenas na Austrália — e que pode ser a maior ave do mundo.

A ave-trovão de Stirton (Dromornis stirtoni), mais alto que a ave-elefante de Madagascar, e o maior dos dromornitídeos (aves gigantes que não voavam), possui traços anatômicos um tanto quanto estranhos e característicos: crânio subdimensionado por onde se projeta um bico superdimensionado.

Embora o senso comum imagine ser uma tarefa fácil a descrição do tamanho desses super animais de proporções exageradas por meio de suas estruturas encontradas, a definição exata é um desafio. Isso porque essa última descoberta pode colocar em evidência o erro de tentar descrever as medidas reais dessas espécies.

A novidade encontrada na descoberta é que os ossos foram achados mais ou menos dispostos como estavam no animal vivo. Isso faz com que os especialistas acreditem ser possível encontrar a parte restante do esqueleto.

Se por um lado há algumas indefinições quanto ao tamanho das espécies de Dromornis, por outro lado, a descoberta desses ossos pode significar um avanço nos estudos e um direcionamento mais preciso com relação ao verdadeiro tamanho desses animais.

Reserva de Alcoota

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Provável maior ave do mundo – Imagem: Anne Musser/Divulgação Australian Museum

O fóssil foi encontrado na reserva de Alcoota, um campo com uma das maiores concentrações de restos animais (vertebrados terrestres) na Austrália. Localizada a 190 km a nordeste de Alice Springs, a reserva começou a ser escavada em 1986.

Mediante pesquisas e estudos comparativos, os pesquisadores acreditam que o par de pernas era de uma fêmea. Deverá ser feito um exame histológico para confirmar as suspeitas.

A equipe, no entanto, já considera que os ossos fossilizados pertenciam a uma fêmea de D. stirtoni, que até ganhou um nome: Deb.

Enquanto o sexo não é confirmado, os ossos serão exibidos no final do ano, de forma temporária, no Museum and Art Gallery of the Northern Territory, depois de serem criteriosamente limpos e endurecidos com acetato de plástico.

Relação

Não é apenas o tamanho da ave-trovão de Stirton que chama a atenção. De acordo com a sua distribuição, “os parentes mais próximos dos dromornitídeos já foram considerados as ratitas que não voam (emus, avestruzes, emas e seus parentes), mas agora acredita-se que os dromornitídeos evoluíram de aves aquáticas (patos, gansos e seus ancestrais)”, como informa o Australian Museum.

Conclui-se, portanto, que essas aves enormes de 8 milhões de anos são relacionadas às aves modernas; isto é, patos e galinhas.

As escavações devem continuar e poderão ter um desfecho acima das expectativas, pois além da possibilidade de encontrar os demais ossos de Deb, a equipe espera descobrir novas espécies.

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