O tecido do olho humano pode ser resistente ao novo coronavírus

Cristina Dyna
(Griffin Wooldridge / Pexels)

Apesar de quase um ano desde o começo da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) muito ainda não se sabe sobre a sua transmissão. No entanto, uma pesquisa trouxe resultados inesperados: o tecido do olho humano parece ser resistente ao vírus.

O que se sabe sobre o Sars-CoV-2

Muitos questionamentos surgiram a medida que o novo coronavírus se espalhava pelo mundo. Apesar de inúmeras pesquisas os cientistas estão constantemente aprendendo sobre as formas de transmissão do vírus.

Até o momento os epidemiologistas sabem que o coronavírus tem sua principal forma de transmissão através de gotículas de saliva ou respiratórias liberadas falar, tossir ou espirrar de uma pessoa infectada. Entretanto, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), há outra forma de transmissão: as gotículas ou partículas infecciosas podem  “pousar em superfícies e objetos e ser transferidas pelo toque. Uma pessoa pode obter Covid-19 tocando a superfície ou objeto que contém o vírus e, em seguida, tocando em seus própria boca, nariz ou olhos”.

Além disso, além da boca e do nariz, talvez o novo coronavírus pode infectar as pessoas através dos olhos. Um dos sintomas que acometem os pacientes é a conjuntivite, que pode ser causada tanto pelo vírus em si como por alguma resposta imunológica do organismo.

O estudo sobre a ação do coronavírus no tecido do olho humano

Pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis investigaram se os olhos humanos também são uma porta de entrada para o Sars-CoV-2. Assim, submeteram córneas humanas e de camundongos ao coronavírus. Além disso, o teste foi feito com outros vírus para comparar: o zika vírus e o vírus da herpes labial.

tecido do olho humano
(Olho humano / Pixabay – Pexels Photos)

Como resultado os cientistas visualizaram que o vírus da herpes e da zika conseguiam se replicar na córnea, porém o coronavírus não. Segundo o oftalmologista Rajendra Apte, “nossos dados sugerem que o novo coronavírus não parece ser capaz de penetrar na córnea”.

As implicações da descoberta

Os resultados obtidos são preliminares e exigem cautela, pois não é possível afirmar que toda córnea humana é resistente ao novo coronavírus. No entanto, pode-se afirmar que as córneas e as conjuntivas (membrana que reveste a frente do olho) dos camundongos e dos 25 doadores humanos testados replicam o vírus da herpes labial e da Zika mas não do SARS-CoV-2.

Segundo a Science Alert, Rajendra Apte afirma que “sabe-se que a córnea e a conjuntiva têm receptores para o novo coronavírus, mas em nossos estudos descobrimos que o vírus não se replica na córnea”.

A forma que a  córnea e a conjuntiva humana resiste ao SARS-CoV-2 ainda não é certa. Entretanto, os cientistas descobriram que existe uma substância chamada de interferon lambda pode inibir ou auxiliar a replicação de vírus. Porém, bloquear a proteína evita um maior crescimento do vírus da herpes e da zika, mas parece não ter efeito sobre a replicação do coronavírus.

Apesar dos resultados animadores mais estudos são necessários para se fazer afirmações sobre a transmissão ou não do novo coronavírus através dos olhos. Como relata a Ifl Science: ainda é preciso determinar se outros tecidos da córnea são frágeis ao SARS-CoV-2.

Dessa forma, os cuidados de prevenção ao vírus com os olhos devem continuar, incluindo o uso de óculos de proteção pelos profissionais da saúde.

Para resumir, o microbiologista Jonathan J. Miner (autor do estudo) declara que, “podemos aprender que coberturas para os olhos não são necessárias para proteger contra infecções na comunidade em geral, mas nossos estudos são apenas o começo.”

O artigo científico foi publicado no periódico Cell Reports.

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