Sabemos que os microrganismos foram os primeiros tipos de vida a habitar o nosso pálido ponto azul no início de tudo. Eles surgiram por meio de inúmeras reações orgânicas em fontes hidrotermais em diversos pontos diferentes do planeta. Mas uma dúvida que muitas pessoas podem ter é: o que veio primeiro: os vírus ou as células?
Os vírus não são compostos por células. Por isso, inclusive, há aquela famosa discussão científica sobre se o vírus é ou não é um ser vivo. Por não ter células, ele não atende alguns requisitos básicos para um ser vivo: ele não se alimenta nem produz energia por si só e eles só se replicam quando parasitam uma célula.
Por outro lado, há quem defenda que eles são seres vivos porque possuem material genético e porque sofrem o efeito da evolução.
Já as células são as unidades estruturais que compõe os seres vivos — até os mais básicos. Alguns seres são unicelulares, ou seja, compostos por uma única célula, como algumas bactérias e protozoários. Há, também, bactérias multicelulares, mas os principais seres multicelulares são plantas, animais, fungos e qualquer ser vivo composto por mais de uma célula.
Sendo ou não sendo seres vivos, os vírus possuem algumas características da vida. Mas seriam eles uma etapa inicial do surgimento da vida que, mais tarde originou as células, ou as células surgiram antes e os vírus depois? Em resumo, o que veio primeiro: os vírus ou as células?
Evidências escassas
Microrganismos não fossilizam bem quanto seres de tamanho maior. No entanto, alguns microrganismos podem formar grandes estruturas, como os estromatólitos formados nos oceanos por cianobactérias. Alguns fósseis desses estromatólitos datam de quase 3,5 bilhões de anos atrás. Há, também, evidências de arqueias fossilizadas de 3,4 bilhões de anos.
As condições para o surgimento da vida na Terra apareceram há 4 bilhões de anos. Então, as bactérias e as arqueias devem ter surgido em algum momento entre os 3,5 bilhões e 4 bilhões de anos atrás. Portanto, os fósseis dos estromatólitos são bastante úteis para buscarmos mais sobre o surgimento da vida.
Além disso, antes do surgimento das células, algumas reações metabólicas que as células realizam hoje podiam estar ocorrendo por conta própria nas superfícies de argilas ou minerais há 4,1 bilhões de anos. Investigar isso também pode fornecer respostas.
Afinal, o que veio primeiro: os vírus ou as células?
Conforme dito anteriormente, sabemos pouco sobre os microrganismos pois eles não deixam fósseis. Colônias de bactérias formam os estromatólitos, então podemos saber algo sobre o passado delas. No entanto, não sabemos nada sobre os vírus no passado, já que eles não formam colônias, então não há fósseis deles. Portanto, investigar sobre o passado dos vírus envolve teorizar com base no que sabemos sobre outros seres vivos que possam nos dar alguma pista.
As células são codificadas por meio do DNA e do RNA. Embora não possuam células, o vírus também são codificados pelo DNA e RNA, mas usam principalmente o RNA. Por isso, acredita-se que os vírus possam ter evoluído dos RNAs autorreplicantes. Entretanto, não há evidências para afirmar isso como fato, e se mantém no mundo das hipóteses.
Sobre o que veio primeiro, os vírus ou as células, portanto, não temos uma resposta exata.
Pode ser que estruturas semelhantes a vírus surgiram antes das células e interagiam com essas reações metabólicas espontâneas.
Entretanto, pode ser, também, que os vírus surgiram a partir das bactérias, a partir de pedaços de DNA e RNA.
Outra hipótese é a possibilidade de os vírus terem evoluído a partir de bactérias ou arqueias degeneradas, que perderam instruções genéticas de como metabolizar e se multiplicar. Essa hipótese possui um certo respaldo já que, em uma menor escala, há algumas degenerações que ocorrem entre as bactérias nos dias.
Locais perto de vulcões ou fontes naturais de calor podem ter condições parecidas com as condições iniciais da formação da vida. Além disso, as pesquisas sobre outros planetas podem fornecer ambientes parecidos com o ambiente inicial da Terra. Com a pesquisa nesses ambientes, podemos encontrar novas pistas para entender o ambiente inicial da Terra.
