O que é uma economia socialista?

Dominic Albuquerque
A foice e o martelo são símbolos comuns ao socialismo e comunismo. Imagem: Pixabay

A economia socialista é algo que muitos apontam como problemático, mas o entendimento sobre seu significado não é tão bem conhecido assim. Um dos argumentos ao favor do livre mercado é que ele permite que os negócios fluam, oferecendo bens e serviços que as pessoas querem.

Assim, as empresas respondem às necessidades do consumidor, lucrando com a venda de seus produtos. Contudo, alguns economistas e filósofos políticos apontam que o sistema capitalista é inerentemente falho. Tal sistema, apontam, necessariamente cria “vencedores” e “perdedores”.

Como os meios de produção estão no poder privado, aqueles que os possuem não apenas conseguem acumular uma riqueza absurda, como também têm o poder de reprimir os direitos de seus empregados.

A teoria socialista

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Karl Marx foi o teórico que popularizou a teoria socialista. Imagem: Pixabay

Muito antes da União Soviética, Cuba e Venezuela, a teoria socialista se popularizou com a ideia de Karl Marx. Um dos seus principais pontos era o conflito de classes. Marx acreditava que os trabalhadores, que tinham baixos salários em sua época, iriam inevitavelmente se revoltar contra a burguesia.

Ele assim visualizou uma sociedade onde o governo, ou os próprios trabalhadores, controlariam a indústria. Em contraste ao capitalismo, os socialistas acreditam que a posse dos recursos e o planejamento central permitiria uma distribuição de bens e serviços mais igualitária.

Alguns dos fatores-chave de uma economia socialista são:

  • Propriedade pública ou coletiva dos meios de produção (fábricas, indústrias, etc.);
  • Planejamento central da economia;
  • Ênfase na igualdade e seguridade econômica;
  • Objetivo de reduzir as diferenças de class.

Marx pensava que era necessário destituir o sistema capitalista através de uma revolução liderada pela classe trabalhadora, ou proletariado. Contudo, com o tempo, outras alternativas sugiram, como os sociais-democratas da França, Alemanha e Escandinávia, que advogavam por reformas dentro do sistema capitalista em busca de uma maior igualdade econômica.

Socialismo e comunismo são termos divergentes. De acordo com Friedrich Engels, que trabalhava com Marx, o socialismo seria a primeira fase da revolução, com o governo desempenhando um papel importante na vida econômica. Então, quando as diferenças de classe se reduzissem o suficiente, trazendo uma sociedade sem classes, se alcançaria o comunismo, onde não haveria mais esse vínculo com o estado.

O socialismo na prática

Numa economia capitalista, o mercado determina os preços através da lei de oferta e demanda. Por exemplo, quando a demanda por café aumenta, a empresa vendedora de café aumenta seus preços, visando o aumento do lucro. Ao mesmo tempo, se a demanda se reduz, os preços seguem o mesmo caminho, e a produção agregada diminui.

Numa economia socialista, por sua vez, é o governo que determina a produção e o nível dos preços. O desafio, contudo, é sincronizar isso com as necessidades dos consumidores, uma vez que isso exige um nível de administração e burocracia quase imensuráveis.

Uma das críticas ao socialismo é que, mesmo que os oficiais do governo ajustem os preços, a falta de competição entre diferentes produtores reduz o incentivo a inovações. Uma burocracia ineficiente também pode surgir, como ocorrido na União Soviética.

Além disso, a concentração de poder num único partido, como ocorre na China moderna, pode desencadear perseguições políticas, criando um espaço onde a manutenção do poder também se torna mais importante que as necessidades das pessoas.

As alternativas à economia socialista

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Copenhague, capital da Dinamarca, um dos países mais desenvolvidos do mundo. Imagem: Pixabay

A palavra “socialismo” comumente se associa com os países da antiga União Soviética, Iugoslávia e a China de Mao Zedong, assim como Cuba e Coreia do Norte. Essas economias evocam a ideia de líderes totalitários, com domínio público de todos os recursos disponíveis.

Contudo, outras partes do mundo às vezes usam o termo para descrever diferentes sistemas. Por exemplo, as principais economias da Escandinávia – Suécia, Dinamarca, Noruega e Finlândia – são frequentemente apontadas como “social-democracias”, ou “socialistas”. O termo mais correto seria o primeiro, uma vez que não há concentração de poder num único poder e eleições democráticas.

Nesses países há um equilíbrio entre a competição do mercado e uma rede pública de segurança, que busca garantir direitos universais à população, como o acesso à saúde e ao trabalho. A própria China, hoje em dia, tem um sistema diversificado, por vezes nomeado como “socialismo de mercado”, um socialismo com características capitalistas.

A economia socialista, portanto, é um conceito mais amplo do que normalmente se poderia pensar.

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