Nova espécie de orquídea parece um vidro delicado

Daniela Marinho
Nova espécie de orquídea parece um vidro delicado. Imagem: Masayuki Ishibashi

Orquídeas são plantas pertencentes à família Orchidaceae, que é uma das maiores famílias de plantas com flores. Elas são conhecidas por suas flores exóticas e altamente ornamentais, que possuem estruturas florais especializadas, variando em tamanho, forma e cor. Existem mais de 25.000 espécies de orquídeas em todo o mundo. No entanto, uma espécie até desconhecida foi descoberta recentemente; ela estava em jardins e parques no Japão.

Espécie de orquídea recém descoberta chama a atenção por sua delicadeza e beleza diferenciada

Kenji Suetsugu, biólogo da Universidade de Kobe, a cerca de 10 anos viajou para a província de Chiba, localizada na periferia leste de Tóquio no Japão. Lá, em meio às pastagens verdes, algo chamou a atenção do pesquisador: flores delicadas e com cores vivas.

Suetsugu disse ao portal PopSci que “Suas cores vibrantes chamaram minha atenção imediatamente. Lembro-me de ter ficado impressionado com suas pétalas rosadas únicas que têm uma notável semelhança com o vidro”.

O que o biólogo viu, na verdade, foi uma espécie ainda desconhecida de orquídea num país onde essas plantas foram amplamente estudadas e classificadas. Trata-se, portanto, de uma espécie delicada e elegante chamada Spiranthes hachijoensis (S. hachijoensis). A descoberta foi publicada em um estudo publicado no último 17 de março no Journal of Plant Science.

S. hachijoensis é bastante comum

De fato, a S. hachijoensis é comum no Japão, sobretudo em parques, gramados e jardins. A planta ainda não havia sido nomeada porque os cientistas acreditavam que todos os Spiranthes no continente japonês eram na verdade uma espécie. As flores de S. hachijoensis são rosa, roxas e brancas e suas pétalas têm cerca de 0,1 a 0,2 polegadas de comprimento.

Suetsugu explica que “Depois de coletar algumas amostras, levamos as flores de volta ao laboratório e as dissecamos. Percebemos que a morfologia era diferente de outras plantas que estudamos”.

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Spiranthes hachijoensis como visto em um close-up de inflorescência. Imagem: Kenji Suetsugu.

Estrutura do DNA da nova espécie de orquídea é diferente

Após analisar o DNA da amostra e a biologia reprodutiva, foi descoberto que a espécie misteriosa de orquídea, S. hachijoensis, apresenta diferenças genéticas em nível molecular em relação a outras espécies do gênero. Dentre essas diferenças está o fato de que ela possui um caule liso, enquanto outras espécies semelhantes, como a Spiranthes australis, apresentam um caule peludo.

Além disso, a S. hachijoensis floresce cerca de um mês após a S. australis, o que leva a um isolamento reprodutivo entre as duas espécies distintas de plantas, apesar de crescerem próximos. O gênero Spiranthes é comumente conhecido como tranças de senhora, apresentando flores delicadas em forma de sino que variam em cor, desde o amarelo até o branco, e são cultivadas a partir de uma haste central peluda em espiral.

Um fato curiosos é que a Spiranthes é conhecida no Japão há séculos e é a orquídea mais familiar do país. É ainda apresentado em Manyoshu , ou “Coleção de Dez Mil Folhas”, a antologia de poesia mais antiga do Japão, datada de 750 EC.

Compreensão da biodiversidade

Os pesquisadores planejam aprofundar seus estudos em relação à S. hachijoensis, buscando entender mais sobre seu DNA, ecologia, história evolutiva e status de conservação. Apesar das orquídeas serem amplamente conhecidas e possuírem cerca de 28.000 espécies catalogadas em todo o mundo, a perda de habitat tem sido um dos principais motivos de por em risco a existência dessas flores belas e efêmeras.

De acordo com Suetsugu, “Descobrir uma nova espécie não é apenas emocionante, mas também importante para nossa compreensão da biodiversidade e para os esforços de conservação […] A descoberta desta nova espécie escondida em lugares mundanos demonstra a necessidade de exploração persistente mesmo em lugares aparentemente banais. Acho que é uma descoberta que nos lembra que ainda existe um mundo desconhecido na natureza com o qual entramos em contato diariamente.”

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