NASA colidiu uma espaçonave com um asteroide

Uma tentativa de treinar o nosso conhecimento a respeito do desvio de objetos potencialmente ameaçadores para o planeta.

Felipe Miranda
Imagem: Equipe de Navegação JPL DART da NASA.

A NASA colidiu uma espaçonave com um asteroide, e esta não é uma notícia ruim. Muito pelo contrário; colidir com o asteroide Dimporphos era a missão da nave espacial DART. Esse foi um dos primeiros grandes testes de defesa planetária já realizados pela humanidade e possui como foco controlar grandes corpos celestes que possam nos ameaçar de alguma maneira, mesmo que mínima, por danos locais ou regionais.

A colisão de DART com Dimporphos foi transmitida ao vivo na internet e ocorreu no dia 26 de setembro às 20h14 no horário de Brasília.

Por que a NASA colidiu uma espaçonave com um asteroide de propósito?

A Terra é bombardeada por rochas espaciais o tempo todo. Mesmo durante um dia ou época em que não corre chuvas de meteoros, se você aguardar e olhar para o céu, verá “estrelas cadentes” cruzando a paisagem. Isso ocorre, pois, muitos pedaços de rochas no espaço adentram a atmosfera da Terra e queimam. Com isso, formam os famosos meteoros.

Quando a rocha espacial é pequena, ela queima completamente – ou pelo menos quase completamente – na reentrada. Quando sobra um pedaço, geralmente é algum pequeno meteorito. Essas rochas pequenas entram a todo o segundo em nossa atmosfera, queimando sobre nossas cabeças sem que nem percebamos.

O problema é, justamente, quando falamos de grandes rochas espaciais.

“Defesa Planetária é um esforço globalmente unificador que afeta todos os que vivem na Terra”, disse o pesquisador Thomas Zurbuchen em um comunicado de imprensa da NASA.

A missão DART

DART é a sigla para Double Asteroid Redirection Test (Teste de Redirecionamento de Asteroide Duplo, na tradução para o português). A espaçonave foi lançada em novembro de 2021 por um Falcon 9, da SpaceX.

A espaçonave possui cerca de 570 kg e colidiu com o asteroide a 22.530 km/h.

NASA colidiu uma espaçonave com um asteroide
Imagem: NASA/JHUAPL/Steve Gribben

Aprendendo a salvar o planeta

A NASA colidiu uma espaçonave com um asteroide de propósito como parte de um planejamento de defesa do planeta. Estamos aprendendo como se desviar grandes objetos de uma rota de colisão com a Terra — tema frequente entre os que acompanham a ciência.

Asteroides e outros objetos espaciais seguem grandes trajetos, órbitas com complexas voltas e um caminho, às vezes, demasiadamente grande. E isso é uma vantagem para nós.

Imagine que uma bola de futebol vem em sua direção. Quando você a chuva, ela muda de direção, certo? As espaçonaves não possuem força o suficiente para chutar o asteroide, mas vamos supor que você conseguiu esbarrar na bola chutada pelo adversário enquanto ela passava pelo meio de campo. Ela iria certeira para o gol, mas um leve desvio causou uma completa mudança no local de destino da bola.

A base para salvar nosso planeta de um asteroide, então, é basicamente isso. Basta descobrirmos a colisão enquanto o asteroide está longe o suficiente para que um choque causa uma pequena mudança em seu ângulo que se resulte em uma grande diferença em seu trajeto final. Por isso a NASA colidiu uma espaçonave com um asteroide – para treinarmos.

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Imagem: NASA/Johns Hopkins APL

“Agora sabemos que podemos apontar uma espaçonave com a precisão necessária para impactar até mesmo um pequeno corpo no espaço. Apenas uma pequena mudança em sua velocidade é tudo o que precisamos para fazer uma diferença significativa no caminho que um asteroide viaja”, disse Thomas Zurbuchen.

Lindley Johnson, Oficial de Defesa Planetária da NASA, destaca que o “sucesso do DART fornece uma adição significativa à caixa de ferramentas essencial que devemos ter para proteger a Terra de um impacto devastador de um asteroide”.

“Isso demonstra que não somos mais impotentes para evitar esse tipo de desastre natural. Juntamente com recursos aprimorados para acelerar a descoberta da população de asteroides perigosos restante em nossa próxima missão de Defesa Planetária, o Near-Earth Object (NEO), um sucessor do DART pode fornecer o que precisamos para salvar o dia”, completa Johnson.  

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