Milhares de pinturas rupestres foram descobertas na Amazônia

Amanda dos Santos
As incríveis pinturas rupestres em Cerro Azul, no estado de Guaviare, Colômbia. Datam de cerca de 12.000 anos. Imagem: Marie-Claire Thomas / Wild Blue Media

As pinturas rupestres antigas e sua arte foram encontradas em uma parte remota da floresta amazônica colombiana. Elas mostram os primeiros habitantes da floresta vivendo ao lado de alguns dos gigantes da Idade do Gelo.

Essa incrível descoberta, sendo uma das maiores coleções de arte rupestre do mundo, estende-se por quase 13 quilômetros de penhasco na Colômbia. Além de apresentar algumas das pinturas rupestres mais antigas conhecidas de humanos interagindo com animais como mastodontes, um parente pré-histórico de elefantes.

Escavada pela primeira vez entre 2017 e 2018, o achado foi mantido em segredo enquanto foi filmado para uma nova série de televisão sobre civilizações perdidas da Amazônia para o Canal 4 do Reino Unido. Ela está programada para ir ao ar neste mês de dezembro.

Maior conjunto de pinturas rupestres antigas

Pensa-se que as pinturas rupestres foram produzidas ao longo de um período de centenas, ou mesmo milhares, de anos entre 12.600 e 11.800 anos atrás.

pinturas vermelhas vivas
Os pictogramas são pintados com pigmento vermelho derivado de rochas ocres ricas em ferro. Foto: Ella Al-Shamahi

O maior conjunto de pinturas vermelhas vivas, dispostas em 12 painéis e com pictogramas de humanos, plantas, animais, impressões de mãos, caça e padrões geométricos, foi encontrado em Cerro Azul. Fica no extremo norte da Amazônia colombiana.

Dois outros locais também demonstram esses achados, mas estavam mais desbotados, em Cerro Motoya e Limoncillos. Alguns deles eram tão altos que escadas especiais teriam que ser montadas para pintá-los.

São representações de animais existentes, como morcegos, macacos, crocodilos, veados, antas, tartarugas e porcos-espinhos. Mas de grande importância mesmo são o que os pesquisadores acreditam ser algumas das representações mais realistas da megafauna extinta da Idade do Gelo.

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Por exemplo, mastodontes, preguiças gigantes, camelídeos e ungulados de três dedos (da família dos rinocerontes e antas) com troncos.

Rotina das comunidades

pinturas antigas rupestres na Amazônia
Os pictogramas mostram cenas de caça e savana de humanos, bem como a megafauna da Idade do Gelo, como mastodontes e preguiças gigantes, e animais mais reconhecíveis, como tartarugas, serpentes e veados. Foto: Ella Al-Shamahi

As pinturas rupestres dão um vislumbre vívido e emocionante da vida dessas comunidades. O dr. Mark Robinson, da Universidade de Exeter e do projeto LASTJOURNEY, diz ser inacreditável pensar que eles viviam e caçavam herbívoros gigantes, alguns do tamanho de um carro pequeno. Dr. Robinson fazia parte da equipe a qual encontrou as obras de arte.

Consequentemente, os terrenos ao redor dos abrigos de pedra também foram escavados, revelando pistas sobre os primeiros ocupantes da Amazônia colombiana. Ossos e restos de plantas mostraram que essas comunidades eram caçadores-coletores alimentando-se de frutas de palmeiras e árvores, além de cobras, sapos, capivara, tatus e paca, revelaram Dr. Robinson e colegas no estudo publicado no Quaternary International.

Eles também pescavam em rios próximos para capturar piranhas e crocodilos. Ainda mais, foram encontradas pequenas ferramentas, bem como ocre raspado utilizado ao extrair o pigmento para fazer a tinta vermelha.

Concluindo, o professor José Iriarte, que liderou a equipe, disse que essas pinturas rupestres são uma evidência espetacular de como os humanos reconstruíram a terra e como eles caçavam, cultivavam e pescavam.

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