Quanto mais gelo está derretendo no Alasca, mais rochas estão sendo expostas. Deslizamentos de grandes rochas podem desencadear um tsunami catastrófico para a região. Cientistas alertam que esse evento provavelmente acontecerá nas próximas duas décadas, com risco de ocorrer nos próximos doze meses.
Um grupo de cientistas escreveu para o Departamento de Recursos Naturais do Alasca alertando o risco de tsunami. O iminente desastre pode acontecer na Enseada do Príncipe William, na costa sul do Alasca.
Entenda os riscos
Análises de satélite observaram que a geleira Barry, na Enseada do Príncipe William, está recuando, ou seja, seu gelo está derretendo. Nos últimos anos, a geleira derreteu em torno de 3 quilômetros de extensão.
Dessa forma, terra e rochas que antes estavam congeladas estão expostas nas montanhas com grande inclinação da região.
Os cientistas detectaram que uma grande rocha está aparecendo com o derretimento de gelo, com cerca de 1,5 quilômetros de largura e comprimento, pesando milhares de toneladas.
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Pequenos e constantes deslizamentos de terra já estão acontecendo na enseada do Alasca. No entanto, se essa rocha ceder, como está localizada em um penhasco, pode causar consequências desastrosas.
Apesar da Enseada do Príncipe William ser um ambiente afastado e pouco povoado, há a presença de embarcações comerciais e recreacionais frequentando a região.
Tsunamis na região do Alasca
Não é a primeira vez que grandes tsunamis acontecem no Alasca. Em 1958, um terremoto e consecutivo deslizamento de rochas na Baía de Lituya causou um megatsunami na região, com altura de 524 metros, o mais alto tsunami da atualidade.
Em 2015, outro deslizamento de rochas expostas aconteceu, gerando um tsunami de 193 metros de altura no Fiorde de Taan. Dessa vez pelo derretimento de gelo.
Segundo os cientistas, o deslizamento dessa grande rocha na geleira Barry seria, no mínimo, 10 vezes maior do que os outros eventos citados. O que poderia causar outro megatsunami.
Vários processos naturais podem acelerar e desencadear o desprendimento dessa rocha exposta, como terremotos, chuvas e o próprio contínuo derretimento de gelo.
Quanto tempo até o próximo tsunami?
Desde o envio da carta, em maio desse ano, os cientistas detectaram pouco movimento da geleira Barry. No entanto, eles não podem garantir que ela realmente está estável, pois em alguns pontos o derretimento de gelo pode acelerar, enquanto pode retardar em outros pontos.
Segundo o geólogo Bretwood Higman, coautor da carta, a velocidade do derretimento, causado pelas mudanças climáticas, é o fator de maior risco para a queda de rochas. As rochas precisariam de tempo para se ajustarem à nova paisagem sem gelo.
Várias instituições e o próprio governo do Alasca estão monitorando a Enseada do Príncipe William, rastreando o movimento da geleira Barry e gerando previsões do deslizamento e do tsunami.
Modelos computacionais previram que o megatsunami gerado do deslizamento da rocha se propagaria por quilômetros da origem da queda, podendo inundar a cidade próxima, Whittier.
Os cientistas também alertam para os mesmos riscos de deslizamentos de rocha e tsunamis em outros locais do planeta, não apenas no Alasca. Novos impactos causados pelas mudanças climáticas continuarão aparecendo.
Com informações de Science Alert e Columbia University