Fragmentos de meteoro revelam os fluidos mais antigos do Sistema Solar

Erik Behenck
Grãos de magnetita framboidal do meteorito do lago Tagish. A imagem possui filtro azul. (Chi Ma)

Em 2000 um meteoro que chegava ao fim de sua jornada explodiu no céu do Canadá, gerando centenas de fragmentos na superfície congelada do Lago Tagish, na Colúmbia Britânica. Aliás, esse é considerado um achado único no estudo de rochas espaciais. Além disso, os pesquisadores estimam que os fragmentos de meteoro chegaram a Terra pesando 200 toneladas.

Dessa forma, não demorou para que pesquisadores começassem unir esforços para encontrar os fragmentos de meteoritos. Atualmente eles são mantidos em freezers, congelados, assim como ficaram ao chegarem no Lago Tagish e possivelmente a forma que estiveram no espaço durante muito tempo.

Fragmentos de meteoro preservam a história do Sistema Solar

Os fragmentos de meteoro encontrados no Canadá são considerados puríssimos, com idade aproximada de 4,5 bilhões de anos. Dessa forma, os fragmentos congelados são tratados como um registro valioso de processos fluidos acontecidos no início de nosso Sistema Solar.

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“Sabemos que a água era abundante no início do Sistema Solar”, explica Lee Whiteog, meteorologista do meteorito do Royal Ontario Museum. “Mas há muito pouca evidência direta da química ou acidez desses líquidos, mesmo que eles tenham sido críticos para a formação e evolução precoces de aminoácidos e, eventualmente, vida microbiana”, completa.

Fragmentos de meteoro
Um fragmento de meteoro do lago Tagish.

Com isso, os fragmentos de meteoro do Lago Tagish permitem uma investigação mais profunda sobre esse assunto. Desse modo, Lee e seus colegas utilizaram uma técnica conhecida como tomografia por sonda de átomos para analisar as estruturas em três dimensões.

Fragmentos ajudam a explicar a origem da vida

Conforme as análises feitas pela equipe, por conter estruturas finas, isso sugere um ambiente fluido alcalino rico em sódio. Além disso, como os fragmentos de meteoro não entraram em contato com água líquida desde que chegaram à Terra, as descobertas podem indicar ainda mais para a ciência.

Os pesquisadores acreditam que as condições ricas em sódio e com elevados índices de pH, semelhante à água teriam favorecido a formação de aminoácidos. Desse modo, a descoberta sugere que a chegada de meteoros na Terra, semelhantes a esse, podem ter contribuído para o aparecimento das primeiras formas de vida.

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Então, há bilhões de anos rochas espaciais com fluidos semelhantes viajavam pelo Sistema Solar e muitas delas interagiram com o nosso planeta. Entretanto, os pesquisadores ainda estão longe de explicar como exatamente isso poderia ter acontecido. Ainda assim, descobertas como essa são essenciais.

De acordo com a equipe, os aminoácidos são fundamentais para a vida na Terra. Mas, ainda é necessário aprender muitos detalhes sobre como eles se formaram no Sistema Solar. Conforme a pesquisadora de meteoritos, Beth Lymer, da Universidade de York, no Reino Unido, essas descobertas são incríveis.

“Quanto mais variáveis ​​podemos restringir, como temperatura e pH, nos permitem entender melhor a síntese e evolução dessas moléculas muito importantes no que hoje conhecemos como vida biótica na Terra”, diz.

O estudo foi publicado pela PNAS, acesse e confira na íntegra.

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