Filósofos da Grécia antiga acreditavam em vida extraterrestre?

Felipe Miranda
Imagem: NASA

A um primeiro olhar, os planetas e as estrelas podem parecer muito semelhantes, quando olhamos sem algum equipamento de observação astronômica. Entretanto, rapidamente, vê-se algumas diferenças, como por exemplo, o fato de que os planetas não cintilam, como as estrelas, devido aos efeitos da distante luz na atmosfera. Além disso, há diferenças na movimentação dos astros pelo céu. Assim, não só os gregos, mas diversas civilizações antigas sabiam distinguir planetas de estrelas.

Não havia, na época, uma compreensão de como temos hoje sobre o universo afora. Ainda assim, essas civilizações antigas já possuíam alguma ideia da imensidão do universo, imaginando outros mundos céu afora – não como imaginamos hoje, mas outros mundo habitados por deuses e outras criaturas míticas.

Pensar em vida extraterrestre é algo tão animador e chamativo que foi tema de pensamentos e obras de grandes nomes como Demócrito, Aristóteles, Epicuro, Lucrécio e Santo Agostinho, além de muitos outros pensadores.

Alguns dos gregos mais famosos, como Platão e Aristóteles não acreditavam em outros mundos como o nosso. Na concepção deles, não haveria outros mundos habitáveis. A Terra era o centro do universo, segundo a forma como essas mentes pensavam.

Anaxágoras de Clazômenas foi um filósofo grego que fundou a primeira escola filosófica de Atenas, ajudando muito na proliferação do pensamento filosófico e científico da região.

Para os gregos, a Lua era um Deus. Para Anaxágoras, no entanto, uma rocha, como sabemos hoje que é. Anaxágoras chegou a postular a possibilidade de que a Lua fosse habitada, como diz o jornalista Tim Brinkhof no Big Think.

Demócrito e Leucipo são pais do conceito grego do átomo: um pedaço indivisível de matéria que compõe tudo que existe. Já no mundo contemporâneo, o átomo foi descoberto. Mas ainda foi descoberto que o átomo não é indivisível, mas composto por outras partículas.

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Demócrito. Imagem: Wikimedia Commons.

Demócrito também acreditava que o universo é um grande infinito vazio, com infinitos átomos formando tudo que existe por aí. Assim, deveria haver um número infinito de mundo.

Demócrito foi aluno de Lucrécio, que era romano, e fortemente influenciado por seu professor. Em diversos pensamentos, um influenciou ao outro.

Em De Rerum Natura (Sobre a natureza das coisas), escrito no século I AEC por Lucrécio, um dos temas pensados na obra é o quão grande deve ser o universo, e que não somos tão exclusivos assim. Lucrécio diz:

“Visto, então que o espaço vazio estende-se sem limite em todas as direções e que inumeráveis sementes atravessam em incontáveis cursos um universo de profundidade inatingível… é improvável no mais alto grau que esta terra e este céu sejam os únicos que existam… Portanto, devemos nos dar conta de que há outros mundos em outras partes do universo, com diferentes raças de homens e animais”.

E depois da Grécia?

Copérnico revolucionou o mundo com o heliocentrismo. As ideias de Aristóteles foram adotadas pela igreja católica como sacras. Nela, a Terra é o centro do universo e tudo gira em torno de nós. Mas Copérnico demonstrou que as coisas no sistema solar giravam em torno do Sol, explicando diversos fenômenos que pareciam sem explicação, provando assim que ele estava correto. Seu livro só foi lançado após suas morte, em 1543.

Entre 1584 e 1591, o frade e matemático Giordano Bruno publicou textos em que especulava a existência de vida fora da Terra. Muito à frente de seu tempo, Bruno via o quão pequenos éramos.

“O mundo é infinito porque Deus é infinito. Como acreditar que Deus , ser infinito, possa ter se limitado a si mesmo criando um mundo fechado e limitado?”, dizia Giordano Bruno.

Mesmo que suas hipóteses fossem conciliadas com a crença em Deus, ele foi perseguido pela igreja.

Nesse universo infinito, Bruno especulava que as estrelas pudessem ser outros sóis, e nos entornos desses sóis, outros mundos como os nossos pudessem existir.

Foram alguns nomes como estes que abriram caminho para especularmos, pensarmos e pesquisarmos sem censura por desafiar o comum.

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