DNA de tardígrado é inserido em células-tronco humanas por cientistas

Daniela Marinho
Imagem: Flickr/Katexic Publications)

Os tardígrados, organismos microscópicos conhecidos por diferentes nomes como ursos d’água e, ocasionalmente, leitões de musgo, são criaturas notáveis em muitos aspectos. Suas características únicas os tornam objeto de grande interesse para cientistas em todo o mundo. Recentemente, cientistas militares chineses conceberam um plano ambicioso e inovador que envolve explorar os genes poderosos desses pequenos seres, visando potencialmente conferir resistência à radiação aos seres humanos.

Esse plano está atualmente em andamento e visa nada menos do que criar supersoldados capazes de enfrentar e sobreviver a situações extremas, incluindo os efeitos devastadores de uma guerra nuclear. A ideia subjacente é que ao inserir o DNA de tardígrado em células-tronco humanas, a resistência natural desses animais à radiação poderia ser transferida para os seres humanos, conferindo-lhes uma capacidade de sobrevivência extraordinária em cenários de grande adversidade.

O projeto representa uma abordagem inovadora e ousada para aprimorar as capacidades humanas, embora seu sucesso e as implicações éticas e práticas ainda precisem ser cuidadosamente avaliados e debatidos. O relatório foi publicado pela primeira vez em chinês no Military Medical Sciences e relatado pelo South China Morning Post.

Tardígrado: o animal microscópico mais resistente

Antes de adentrarmos em uma discussão sobre as inquestionáveis ramificações éticas desse experimento, é essencial enfatizar a notável adequação do tardígrado como um modelo animal a ser replicado, caso se busque resistir a qualquer adversidade, inclusive uma precipitação nuclear.

O tardígrado, de fato, possui características biológicas únicas que o tornam um organismo extremamente resistente e adaptável a condições extremas. Sua capacidade de sobrevivência em ambientes hostis, como altas temperaturas, pressões extremas e exposição à radiação, é verdadeiramente excepcional.

Essa resiliência é atribuída a mecanismos biológicos especiais presentes em sua fisiologia, como a capacidade de entrar em um estado de criptobiose, no qual suas funções vitais são suspensas temporariamente até que as condições se tornem favoráveis novamente. Ao tentar replicar esses atributos notáveis do tardígrado em seres humanos, espera-se criar uma base biológica sólida para resistir a desafios extremos.

No entanto, é fundamental destacar que, ao explorar o campo de pesquisa, um amplo exame das implicações éticas se faz necessário para garantir que qualquer avanço científico seja acompanhado por uma avaliação cuidadosa e um diálogo aberto sobre as consequências morais, legais e sociais envolvidas.

Ferramenta de edição de gene

tardígrado
Imagem: iStock

De acordo com o relatório, os cientistas empregaram a revolucionária ferramenta de edição genética CRISPR/Cas9 para extrair genes específicos do tardígrado, conhecidos por produzir proteínas com propriedades protetoras, e inseri-los em células embrionárias humanas cultivadas em laboratório.

Vale destacar que a equipe responsável ressalta uma distinção crucial que torna o experimento legal; ou seja, a utilização de células embrionárias humanas artificialmente cultivadas para essa finalidade. A aplicação do CRISPR/Cas9 nesse contexto possibilitou que as células modificadas adquirissem a capacidade de sobreviver a exposições letais à radiação de raios-X, expandindo assim suas propriedades de resistência.

Esse avanço científico certamente oferece uma perspectiva promissora no sentido de criar uma linha celular humana com uma proteção adicional contra os efeitos danosos da radiação.

Maravilhas do tardígrado

A extraordinária criatura microscópica é verdadeiramente uma maravilha da natureza. Sua presença pode ser encontrada nos sete continentes, e eles têm a notável habilidade de se adaptar tanto a ambientes terrestres quanto aquáticos. Apesar de possuírem menos de 1 milímetro de comprimento, os tardígrados de oito patas demonstraram uma resiliência surpreendente ao longo do tempo. A capacidade de sobreviver a viagens de ida e volta à Lua, um ambiente verdadeiramente desafiador, é uma prova incontestável de sua incrível robustez.

Além disso, o tardígrado revela sua resistência em face de extremos térmicos. Eles têm a capacidade de suportar água fervente por até uma hora, desafiando as condições que seriam letais para a maioria dos seres vivos. Surpreendentemente, esses minúsculos animais também podem resistir a temperaturas extremamente baixas, chegando a vários graus abaixo de zero por períodos significativamente longos. Essa habilidade de sobreviver em ambientes tão hostis, onde a maioria das formas de vida falharia, é um testemunho de sua adaptabilidade excepcional.

Dito isso, o tardígrado, um pequeno gigante da natureza, continua a nos surpreender com suas notáveis proezas, revelando o quão vasto e impressionante é o mundo microscópico ao nosso redor.

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