Descoberta fóssil revela a maior força de mordida do mundo animal

Erik Behenck
Uma ilustração do ataque do jacaré na preguiça.

Você sabe qual é a maior força de mordida do mundo animal? Uma descoberta fóssil de 13 milhões de anos mostra a marca de 46 dentes. A mordida foi deixada por um jacaré, ao mastigar a pata traseira de uma preguiça gigante.

Pesquisadores foram capazes de reconstruir a cena registrada perto do rio Napo, no Peru. Era um jacaré jovem, que ao atingir a idade adulta tinha uma força de mordida calculada em sete toneladas. Isso representa uma força quatro vezes maior do que a mordida mais forte conhecida anteriormente.

O Purussaurus que atacou a preguiça tinha força compatível com a de um jacaré moderno, capaz de destroçar ossos. Mas, quando chegavam na idade adulta, passavam a ter a mordida mais forte que o Crocodylus porosus, que possui 1,6 toneladas de força nas dentadas.

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Uma representação artística do gigante jacaré da Amazônia, o Purussaurus brasisliensis.

Jacaré com a maior força de mordida do mundo animal vivia no Peru

Essa descoberta é rara, mostrando como era a relação entre presas e predadores na Amazônia. Essa foi a primeira tíbia descoberta na região e a primeira de um mamífero com marcas de dentes de um crocodiloforme.

“A mordida foi tão poderosa que muitos dentes perfuraram a tíbia e romperam extensas porções do osso cortical”, disse Salas-Gismondi, paleontólogo do Laboratório BioGeoCiencias da Universidad Peruana Cayetano Heredia em Lima, Peru. “A preguiça terrestre não sobreviveu.”

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O fóssil da tíbia danificada foi encontrado em 2004, por François Pujos, coautor do estudo e paleontólogo. Ele fez a descoberta enquanto explorava afloramentos rochosos na Formação Pebas, ao longo do rio Napo.

A tíbia foi coletada e logo as marcas de dentes chamaram atenção. Mas, naquela época não existiam muitas informações sobre os animais que viviam na região. O fóssil foi levado para o Museu de Historia Natural-UNMSM em Lima, onde Salas-Gismondi também é curador.

Uma equipe de pesquisadores estudou a área, apresentando dados sobre os animais que lá viviam. De fato, os lagos e pântanos eram habitat de crocodilos e jacarés, num período entre 11 e 20 milhões de anos atrás.

Somente em 2019 foi revelado o animal responsável pela mordida. “Descobrimos que as marcas de dentes na tíbia combinam com a anatomia e a dentição do principal predador do Sistema Pebas, o jacaré gigante Purussaurus“, contou Salas-Gismondi.

Eles eram enormes e podiam escolher as presas

Quando adulto, o animal conseguia medir mais de 10 metros de comprimento, mas segundo os pesquisadores, o autor da mordida ainda era jovem, com quase 4 metros. Estava saindo do pântano quando atacou a perna traseira da preguiça.

Provavelmente a preguiça tinha quase 80 quilos, de tamanho semelhante as capivaras modernas. Mas, ela não era páreo para a maior força de mordida do mundo animal. Além disso, não descartaram a possibilidade de que marcas tenham sido deixadas após a morte do animal, que foi desmembrado.

Conforme os jacarés e crocodilos crescem, a dieta vai mudando e a força aumentando. Os recém-nascidos se alimentam com aranhas e insetos. Já os adultos são capazes de capturar mamíferos e tartarugas.

O estudo foi publicado em Biology Letters. Com informações da CNN.

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