Dente de criança mostra que humanos chegaram na Europa antes do que se pensava

Lorena Franqueto

Uma equipe internacional de cientistas publicou na Science Advances novo estudou sobre dente de criança encontrado na Europa. Essa descoberta aconteceu em uma caverna francesa e sugere que humanos modernos estiveram na Europa Ocidental 10 mil anos antes do que imaginado pelos cientistas. Isto é, a evidência mais antiga de Homo sapiens na região baseava em cinco restos dentários de 40 mil anos atrás, enquanto nos novos dentes datam mais de 50 mil anos.

Onde estava o dente de criança?

Primeiramente, a caverna fica no Vale do Rhône, perto da cidade de Malataverne no sul da França, conhecida como Grotte Mandrin. Desde 1990, pesquisadores já conhecem a camada arqueológica do local, a qual possui 3 metros de profundidade e composta por 12 camadas (de B a J1). Além disso, vale ressaltar que cada camada representa um período de tempo diferente.

Assim, foi nesse local que os autores da pesquisa encontraram nove espécimes dentárias pertencentes à sete indivíduos diferentes. No entanto, seis correspondiam à neandertais e o último à uma criança humana moderna com mais de 50 mil anos. Portanto, segundo o estudo, o dente de criança deste indivíduo é mais antigo do que quaisquer restos humanos modernos previamente documentados!

Ademais, juntos com os dentes, os autores também descobriram ferramentas de pedra relacionados ao período. Por fim, também é importante comentar que os restos dentários estavam entre camadas tipicamente dos neandertais.

Quais são os próximos passos?

Os pesquisadores já suspeitavam há muito tempo que Grotte Mandrin era um ponto de encontro para neandertais e humanos modernos. No entanto, a nova pesquisa certamente provocará mais conversas sobre a migração da humanidade para a Europa.

“A nova evidência em Mandrin contribui para uma imagem crescente de múltiplas dispersões de Homo sapiens primitivos em territórios neandertais na Europa antes de 40 mil anos atrás, em diferentes momentos e usando diferentes tecnologias”, explicou um dos autores do artigo, Chris Stringer.

Sendo assim, o estudo sugere uma sobreposição, tanto as populações neandertais quanto as humanas modernas substituíram umas as outras várias vezes no mesmo território. Infelizmente, não é possível compreender essas trocas incomuns entre as espécies.

“As descobertas em Grotte Mandrin estimularão discussões sobre os primeiros contatos genéticos e culturais entre os neandertais e esses grupos humanos modernos pioneiros, bem como tentativas de mapear possíveis rotas de dispersão do oeste da Ásia até o vale do Rhône ao longo da costa norte do Mediterrâneo, envolvendo locais em regiões como Turquia, Grécia, Itália e sul da França”, finalizou Stringer.

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