Creme UV pré-histórico revela o mais antigo embalsamamento

Erik Behenck
Múmia de Turim, conhecida como 'Fred', Museu de Turim do Egito. (Fonte: CC BY-SA 3.0)

Pesquisadores conseguiram identificar que a Múmia de Turim, ou Fred, alojada no Museu Egípcio de Turim, na Itália, desde o começo do século XX é o mais antigo embalsamamento já localizado. Ela tem pelo menos 5.600 anos e antes acreditavam que havia sido “mumificada por acaso”, de forma natural, mas agora novas evidências mostram que a origem não foi tão acidental assim.

O trabalho consiste em uma década de pesquisas, com um trabalho focado em múmias pré-históricas. Aliás, os pesquisadores conseguiram identificar a lista de ingredientes usados nesse procedimento, que tinha base nos óleos vegetais, misturados com chicletes ou açúcares, resina de conífera e extratos de plantas aromáticas.

O mais antigo embalsamamento? Pesquisadores ficam entusiasmados

A lista de ingredientes que teriam sido usados no mais antigo embalsamento tem entusiasmado os pesquisadores. Além disso, é notável a sua semelhança com pomadas usadas posteriormente em mumificações de nobre falecidos.

Conforme o arqueólogo da Universidade da Califórnia em Santa Barbara, Stuart Tyson Smith, que não fazia parte da equipe de estudo, “é realmente interessante ver essas conexões e nos dá uma bela peça do quebra-cabeça que não tínhamos antes”.

Antes, acreditam que a mumificação acontecia naturalmente, devido ao clima seco e a areia. Entretanto, agora já sabemos que os antigos egípcios contavam com algumas técnicas no processo de embalsamento.

O estudo começou há quase 10 anos, quando a egiptóloga da Universidade Macquaire, Jana Jones e sua equipe encontraram a lista de ingredientes. Assim, para provar que os egípcios embalsavam seus mortos milhares de anos antes do que o imaginado, foram realizados diversos experimentos.

Essa múmia é anterior ao período faraônico clássico, oferecendo uma visão diferenciada sobre como eram os funerais naquele período. O procedimento teria sido realizado em 3.600 a.C, em um homem que tinha entre 20 e 30 anos de idade. Além dessa, existem poucos exemplares de múmias com a mesma técnica.

Mais antigo em balsamamento
O material para análise química foi retirado dos invólucros. (Imagem: © Fotolia)

Como funcionava o processo de embalsamamento?

Conforme os pesquisadores, o bálsamo formava uma espécie de pasta marrom pegajosa e seria utilizado nas ataduras antes de embrulhar o corpo. Em seguida, é provável que a múmia tenha sido levada para algum local no deserto. Além disso, os responsáveis calculavam os efeitos do calor prolongado, alinhado a pasta aplicada antes.

Os cremes UV foram sendo desenvolvidos conforme o tempo passava e os processos de mumificação se tornavam cada vez mais cheios de rituais. Aliás, depois começaram a enterrar essas múmias abaixo da superfície da Terra, longe dos raios solares. Por isso, eles removiam o cérebro e outros órgãos, dessecando o corpo com o uso do sal natron.

Mais antigo embalsamamento
A múmia data da pré-história egípcia, antes do clássico período faraônico. (Imagem: © Fotolia)

Fica como expectativa para o futuro a publicação de um artigo que possa explicar como os antigos egípcios descobriram essas receitas. Segundo o Dr. Stephen Buckley, especialista em arqueologia e mumificação da Universidade de York: “Alguns desses ingredientes podem muito bem ter tido um significado simbólico inicialmente…, mas eles perceberam que tinham um benefício preservativo”, comentou.

O estudo foi publicado no Journal of Archaeological Science, acesse para conferir o material completo.

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