Cientistas forenses testam se abelhas podem ajudar a encontrar corpos humanos

Dominic Albuquerque
Abelhas numa colmeia. (Pexels)

Cientistas forenses testam se abelhas podem ajudar a encontrar corpos humanos em experimento inovador. Parece até cena de uma série criminal, onde os investigadores poderiam usar uma maneira inédita de encontrar e recuperar corpos perdidos: com a ajuda de abelhas.

A ideia dos cientistas forenses da George Mason University é criar um experimento para testar se o mel coletado de abelhas próximas a corpos humanos pode conter evidências de restos mortais.

“Nós pensamos, bem, com abelhas se alimentando de plantas floridas que estão próximas a corpos em decomposição, os compostos químicos da decomposição humana seriam parte das proteínas que as abelhas ingerem?”, contou Anthony Falsetti, um professor no Programa de Ciência Forense. “E se elas ingerem, vão depositá-los [os restos] no mel?”

Os pesquisadores e estudantes da universidade planejam enterrar, num pedaço de terra em Manassas conhecido como “fazenda de corpos”, restos humanos doados. A intenção é trabalhar com oficiais da lei para copiar a maneira como assassinos cavam sepulturas em casos reais. Segundo a publicação, os pesquisadores também vão colocar flores aromáticas na área.

“Algumas pessoas podem… pensar, ‘oh, isso parece algo muito nojento’, mas isso é uma ciência estimulante [acontecendo]”, contou Mary Ellen O’Toole, diretora do Programa de Ciência Forense, previamente uma agente do FBI.

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Os cientistas forenses acreditam que o experimento poderia ajudar investigadores a solucionarem crimes de maneira mais rápida. Imagem: Kees Smans/Getty Images

Cientistas forenses e objetivo por trás do experimento com as abelhas

As proteínas do mel contêm informações bioquímicas que os cientistas hoje em dia já utilizam para medir metais pesados, poluidores do ar e pesticidas, segundo James Baron. Similarmente, os cientistas forenses acreditam na hipótese de que poderiam detectar evidências de compostos orgânicos voláteis (COVs) de um corpo em decomposição.

“Nós sabemos que as abelhas voam provavelmente a até cerca de 8km de raio de distância da colmeia”, O’Toole contou. “Então, isso ajuda de uma maneira incrível os investigadores que precisam sair para resolver um caso ao ar livre”.

O plano dos cientistas forenses é de que, eventualmente, as diversas colmeias pertencentes àqueles que tem a apicultura como hobby ajudem a resolver casos de assassinato. Amostras de mel poderiam ser coletadas e analisadas numa área onde os oficiais acreditam que pode existir um corpo, ajudando-os a estreitar as opções onde os restos mortais poderiam ser encontrados.

“Nós podemos usar  colmeias existentes, e a coleta de amostras é [não invasiva], é apenas uma pequena colher de mel”, cotou Alessandra Luchini, uma professora do Center for Applied Proteomics and Molecular Medicine da universidade. “Nos dê uma colher de mel e você pode ajudar a resolver o maior crime do século”.

O’Toole contou que a investigação de crimes ao ar livre pode ser difícil, porque os corpos ficam expostos a insetos, à natureza e predadores, coisas que afetam a maneira como eles se decompõem.

Contudo, achar um corpo mais cedo poderia ajudar os investigadores a iniciar uma análise do que aconteceu com antecedência, e isso, por sua vez, poderia ajudar a identificar o assassino.

“Eu fui uma agente por 28 anos”, conta O’Toole. “Eu passei muito tempo conversando com o Green River Killer [‘Assassino do Rio Verde’], que é o nosso assassino em série mais prolífico nos Estados Unidos. Ele deixou suas vítimas ao ar livre. Quando penso sobre isso, se torna claro como cristal o quão valiosa essa pesquisa é”.

Resta aguardar para ver se as abelhas podem de fato ajudar a investigar crimes cometidos pelo homem.

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