Em 1997, cientistas fizeram um sapo levitar

Dominic Albuquerque
O sapo flutuante. Imagem: Liinis Nelemans, CC BY-SA 3.0. Via Wikimedia Commons

Décadas atrás, cientistas fizeram um sapo levitar. Liderados por Doutor Andre Geim, a equipe conseguiu usar o diamagnetismo para fazer o sapo, junto a um grilo e algumas plantas, flutuarem no ar. Eles ganharam um prêmio IgNobel por isso – esse prêmio é dado a realizações inusitadas e/ou irrelevantes na ciência mundial.

Anos mais tarde, Geim ganhou um Nobel de verdade, com seu trabalho com grafeno.

Quando pensamos em magnetismo, logo nos vem a mente ferros e afins, o que é normal. Eles carregam, de fato, um forte magnetismo. Contudo, tudo pode ter um campo magnético, ainda que alguns sejam mais intensos que outros.

O diamagnetismo é uma propriedade inerente ao átomo, que surge do movimento dos elétrons ao redor do núcleo. O termo é utilizado para descrever o movimento que ocorre quando materiais são repelidos na presença de campos magnéticos. Materiais paramagnéticos e ferromagnéticos, por sua vez, são atraídos por esses campos.

Quando átomos e elétrons se aproximam, eles criam um campo que repele forças opostas. Esse mecanismo quântico que é o diamagnetismo, e pode ocorrer com qualquer objeto, esteja vivo ou não.

Como fazer um sapo levitar

Geim e sua equipe colocaram a teria em teste em 1997, jogando um sapo na garganta de um ímã com um campo intenso. O resultado: o sapo flutuou, exatamente como eles queriam.

O anfíbio flutuante se tornou tão popular que Geim e seus colegas ganharam o IgNobel, atraindo mais atenção para o experimento. A equipe começou a receber diversos pedidos, inclusive de um líder oriundo de um pequeno grupo religioso da Inglaterra. Geim contou que “ele nos ofereceu um milhão de libras se nós o fizéssemos levitar na frente da sua congregação, para melhorar suas relações públicas”.

Chocante, mas nem tanto.

Felizmente, tanto o sapo quanto os outros participantes do experimento vencedor do IgNobel não sofreram quaisquer consequências negativas.

A levitação diamagnética tem aplicações em pesquisa e na indústria, incluindo nos estudos sobre o efeito da gravidade zero em seres vivos flutuantes. É mais fácil fazer testes com eles aqui na Terra do que enviando-os ao espaço, por exemplo.

Em termos de levitar um humano, a estimativa é de que é possível, mas as limitações espaciais significam que a maioria das máquinas não é larga o suficiente. Os cientistas ainda estão analisando essa tecnologia, contudo, inclusive para compreender melhor o nosso conhecimento sobre drogas, fazendo células levitarem.

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