Pesquisa indica que a cannabis domesticada pode ter surgido na China

Mateus Marchetto
Imagem: 7raysmarketing / Pixabay

Identificar variedades genéticas de plantas, bem como a origem das linhagens, é uma ferramenta útil para desenvolver estratégias de cultivo. Assim, com a comercialização crescente de cannabis, uma nova pesquisa indica que a primeira linhagem domesticada da planta pode ter surgido na China.

O problema aqui é que a forma selvagem da cannabis acabou se extinguindo há milhares de anos. O que restou foi a Cannabis sativa, que posteriormente deu origem às duas principais espécies modernas da planta: Cannabis indica e Cannabis ruderalis. Ademais, evidências indicam que seres humanos domesticaram a planta há mais ou menos 12.000 anos.

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Imagem: Herbal Hemp / Pixabay 

Todavia, ainda não há consenso sobre onde essa domesticação aconteceu primeiro. Estudos anteriores, por exemplo, indicaram que a planta teria surgido na Ásia Central. Isso porque essa região é abundante na formação de novas espécies de plantas selvagens.

No entanto, pesquisadores da Universidade de Lausanne, na Suíça, demonstraram que a região geográfica do surgimento da versão selvagem da maconha pode ter sido outro: a China. Para isso os pesquisadores analisaram o genoma de 110 variedades da planta, incluindo 82 novos sequenciamentos genéticos. A partir daí foi possível traçar uma filogenia da erva, levando ao Leste Asiático.

Seleção da cannabis

Para compor a análise genética, por conseguinte, os pesquisadores utilizaram amostras das mais variadas, desde aquelas presentes em acervos biológicos até as disponíveis atualmente no mercado. Tendo estes dados – de plantas de todas as partes do planeta – os cientistas identificaram um possível local de origem para a primeira variante domesticada da maconha, próximo às fronteiras da China com o Quirguistão e Cazaquistão.

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Imagem: Wally Crawfish / Pixabay 

Isso porque uma das variantes analisadas que apresentou a maior similaridade com o que se esperaria do ancestral comum da cannabis veio exatamente dessa região.

A descoberta também reforçou a datação genética da planta, indicando que realmente as variantes domesticadas surgiram há 12.000 anos. Ademais, há 4.000 anos houve uma diversificação no gênero, formando duas linhagens ainda conhecidas hoje. Uma delas é utilizada para a produção de fibras, enquanto a segunda é explorada pela presença de canabinóides.

Canabinóides, inclusive, como o THC ou o CDB têm sido usados medicinalmente em diversos países. A identificação dos genomas mais antigos da planta, portanto, permite por exemplo a prevenção contra doenças vegetais ou mesmo a otimização do crescimento dos cultivos.

O artigo está disponível no periódico Science Advances.

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