Ave pré-histórica e considerada extinta volta a habitar Nova Zelândia

A ave pré-histórica takahē foi considerada extinta, mas projeto na Nova Zelândia conseguiu trazê-la de volta

Metrópoles
Imagem: Unsplash

Para os Ngāi Tahu, tribo maori da maior parte da Ilha sul da Nova Zelândia, uma ave pré-histórica que não voa tem um significado cultural e espiritual muito grande. No entanto, nos últimos 50 anos, acreditava-se que a takahē estava extinta.

Essa triste realidade mudou. Isso porque o animal – com incríveis penas em tons de azul turquesa e verde, um taonga (tesouro) para os maori – já pode voltar a servir como kaitiaki (guardião) do povo que habita a região.

Especialistas soltaram, recentemente, 18 takahēs no Vale de Greenstone, em Whakatipu Waimāori, uma área de propriedade da tribo Ngāi Tahu. Por lá, há mais de 100 anos, essas aves coloridas não eram mais observadas.

Esforços contra extinção

O projeto, um dos mais longos de conservação, começou em 1948, quando alguns espécimes da ave pré-histórica foram redescobertos: uma pequena população encontrada nas pastagens das remotas montanhas Murchison, acima do Lago Te Anau, em Fiordland.

O governo da Nova Zelândia vem, nas últimas sete décadas, investindo inúmeros esforços para salvar a espécie da extinção. A ação envolve a reprodução em cativeiro, reintrodução de indivíduos na vida livre e a translocação entre ilhas.

Esta última população solta na natureza forma a terceira população de takahēs em vida selvagem na Nova Zelândia. As estimativas agora são de que o número total dessas aves no país, em vida livre, se aproxime de 500.

Desafios para os takahē

Com um crescimento de cerca de 8% da população ao ano, são necessários novos lares para as aves, e isso se tornou também um grande desafio para os especialistas do projeto. Como não voam, as aves sofrem grande ameaça de mamíferos terrestres.

“A captura de furões e gatos selvagens reduziu o número de predadores e continua a mantê-los baixos, o que é crucial para sustentar as populações de takahē na natureza”, explica Deidre.

Em breve, a equipe planeja soltar na natureza mais nove casais da ave pré-histórica em idade reprodutiva, além de aves “adolescentes” a partir de outubro e até o início do próximo ano.

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O takahē é considerado a maior ave dentre todas as espécies vivas dos ralídeos

Quem é takahē?

Durante muitos séculos, os takahē, assim como diversas outras aves na Nova Zelândia, não tiveram predadores terrestres em seus habitats. Isso só mudou depois da chegada dos europeus na Oceania.

O takahē é considerado a maior ave dentre todas as espécies vivas dos ralídeos, família que inclui as saracuras, galinhas-d’água e carquejas.

Esta ave mede aproximadamente 50 cm de altura e pesa entre 2,3 e 3,8 kg. Com pernas vermelhas, bico grande e na mesma cor chamativa, as takahēs tem penas que variam de um azul escuro na cabeça, pescoço e peito até tons de turquesa iridescente e verde oliva nas asas e costas.

Como não voam, as asas só são usadas para exibição durante o namoro ou como demonstração de agressão. A fêmea pode ter até dois filhotes por ano, e a expectativa de vida da ave é até 18 anos.

Estudos com fósseis dizem que a ave já existia ao menos na era pré-histórica do Pleistoceno.

Vista do Vale de Greenstone, em Whakatipu Waimāori, Nova Zelândia
Vista do Vale de Greenstone, em Whakatipu Waimāori, Nova Zelândia
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