Astrônomos descobriram asteroide tarde demais para qualquer ação de defesa

SoCientífica
Asteroide 2023 NT1 foi detectado tardiamente por astrônomos.

Um asteroide aproximadamente do tamanho de um avião passou velozmente pela Terra, permanecendo indetectável até que fosse tarde demais para qualquer ação. O objeto celeste, conhecido como 2023 NT1, cruzou a apenas um quarto da distância até a Lua antes que os astrônomos percebessem sua presença.

Dois dias após a visita quase surpresa do asteroide, cientistas correram para entender como o 2023 NT1 conseguiu escapar da detecção pelos olhos atentos do mundo. Suas descobertas, detalhadas em um estudo recente, destacam lacunas significativas em nossos sistemas de defesa planetária. Segundo Philip Lubin, astrônomo da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara e coautor do estudo, o impacto do 2023 NT1 poderia ter sido equivalente à força de 4 a 80 mísseis balísticos intercontinentais.

“Teria sido muito pior que a explosão aérea de Chelyabinsk”, aponta Lubin, referindo-se à explosão de um meteoro em 2013 na Rússia. “Felizmente, não é uma ameaça existencial como a que matou os dinossauros, mas ainda é um lembrete contundente de nossas vulnerabilidades.”

O sistema ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System), uma rede de telescópios localizados no Havaí, Chile e África do Sul, tem a tarefa de detectar rochas espaciais que se aproximam. Apesar de sua vigilância, o ATLAS não percebeu o NT1, revelando uma fraqueza crítica em nossa defesa: a luz solar ofuscante que esconde asteroides que se aproximam na direção do Sol. Além disso, o tamanho menor de certos asteroides os torna ainda mais difíceis de detectar.

Brin Bailey, da UC Santa Bárbara e co-autor do estudo, ressalta a urgência da situação. “Atualmente, não temos meios de combater ameaças de curto prazo”, declara Bailey. “Nosso encontro com o NT1 sublinha a necessidade de tecnologia de detecção mais avançada.”

A pesquisa propõe um novo plano de contingência, apropriadamente chamado de “Pulverizar” (PI), para essas ameaças cósmicas furtivas. A estratégia envolve o envio de foguetes armados com hastes carregadas de explosivos projetadas para despedaçar um asteroide em fragmentos inofensivos que se desintegrariam na atmosfera ou cairiam sem representar nenhuma ameaça.

“Se tivéssemos detectado o NT1 até mesmo um dia antes, poderíamos ter evitado danos significativos”, afirma Lubin, sublinhando o potencial do método PI.

Céticos, no entanto, questionam a viabilidade de uma resposta tão rápida. “O método PI exigiria o tipo de precisão e planejamento em um minuto que normalmente leva semanas. Esse aspecto parece impraticável”, argumenta Ned Wright, astrônomo da Universidade da Califórnia.

Olhando para o futuro, a humanidade enfrenta outros encontros com rochas espaciais, com a aproximação perigosa do asteroide Apophis em 2029 e várias aproximações com o maior asteroide Bennu ao longo deste século. Esses eventos iminentes acrescentam urgência à nossa busca por medidas de proteção melhores.

“A humanidade possui a tecnologia para detectar e defender o planeta de forma robusta, se decidirmos fazê-lo”, segundo Lubin. “E muitas pessoas estão trabalhando duro para garantir isso seja real.”

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