Arqueólogos descobrem padaria que também era prisão em Pompeia

Elisson Amboni
Imagem: Parque Arqueológico de Pompeia

Descobertas arqueológicas recentes na antiga cidade de Pompeia trazem à luz um capítulo sombrio da história romana. Uma estrutura peculiar, identificada como uma padaria-prisão, ou seja, uma padaria que também servia como prisão, foi desenterrada, oferecendo novas percepções sobre as práticas de trabalho forçado na época. Escravos e animais, confinados neste pequeno espaço, passavam horas moendo grãos para fazer pão, um trabalho árduo e incansável.

Pompeia, a cidade que ficou eternizada sob as cinzas do Monte Vesúvio no ano 79 d.C., continua a ser uma fonte inesgotável de conhecimento histórico. As escavações revelaram não só as ruas pavimentadas e moradias ricamente adornadas, mas também detalhes íntimos do cotidiano dos seus antigos habitantes. Esta nova descoberta adiciona uma perspectiva mais profunda às narrativas que retratam a vida e a sociedade naquela cidade antes de sua desaparição abrupta.

Localizada na região IX, Insula 10, esta estrutura lança luz sobre o dia-a-dia de escravos e animais nesse contexto urbano antigo. Pompeia, conhecida pela sua divisão meticulosa em regiões para facilitar as escavações arqueológicas, possui as insulae como blocos residenciais distintos, com a Insula 10 marcando um desses blocos na nona região.

Neste local, escravos e burros eram forçados a moer grãos para a produção de pão. A disposição central da sala, adjacente ao estábulo identificável por uma manjedoura, abrigava a pedra de moinho movida pela força combinada de um burro e um escravo. Além de manter a pedra em movimento, o escravo desempenhava funções críticas para a moagem, desde adicionar grãos até recolher a farinha produzida.

Marcas no piso atestam o desgaste provocado por esses movimentos incessantes ao longo dos anos, como revelado em um comunicado do Parque Arqueológico de Pompeia.

Padaria-prisão
Imagem: Parque Arqueológico de Pompeia

A imagem acima captura a essência desta descoberta, mostrando as condições de trabalho e a interação entre homem e animal nesse ambiente histórico. Os burros trabalhavam frequentemente com os olhos vendados para prevenir distrações ou pânico, segundo o Parque Arqueológico de Pompeia.

As condições encontradas na padaria-prisão não apenas ressaltam a severidade da vida dos escravos, mas também servem como uma sombria recordação da brutalidade daqueles tempos, permitindo considerações mais profundas sobre as camadas sociais e as grandes transformações religiosas e sociais da época.

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