Animação suspensa induzida em humanos pela primeira vez

Milena Elísios
Imagem ilustrativa.

Cirurgiões da Faculdade de Medicina da Universidade de Maryland colocaram um paciente humano em “animação suspensa” pela primeira vez, de acordo com um relatório da New Scientist. O procedimento tem como objetivo prolongar o tempo que os cirurgiões têm para corrigir lesões traumáticas, diminuindo deliberadamente a temperatura corporal dos pacientes.

O ensaio de Preservação e Reanimação de Emergência (EPR) para Parada Cardíaca por Trauma (EPR-CAT) está em andamento desde 2010 e pretende resfriar rapidamente o corpo de pacientes que apresentam um trauma extremo. O prognóstico para este tipo de trauma é sombrio: Devido à rápida perda de sangue, estes pacientes entram em parada cardíaca. Com o coração parado, há apenas alguns minutos para os cirurgiões estancarem o sangramento e fazer o coração bombear novamente antes que os danos ocorram. As chances de sobrevivência estão entre 2 e 5%.

LEIA TAMBÉM: Neuralink de Elon Musk conectou cérebro de macaco a um computador

Mesmo que os pacientes sobrevivam, a falta de oxigênio causada pelas lesões pode resultar em danos permanentes ao cérebro.

O objetivo do estudo clínico é alterar a temperatura do corpo em cerca de 27 graus Celsius, caindo abaixo de 10 graus Celsius com uma solução salina gelada. O objetivo é que a hipotermia induzida coloque o corpo em uma espécie de modo hibernação. Como os processos metabólicos desaceleram, nossas células não precisam de tanto oxigênio e assim o dano celular é prevenido. Quando as feridas são reparadas, o sistema pode ser reinicializado, sem grandes sequelas ao paciente.

Há uma boa razão científica para acreditar que o resfriamento rápido pode alcançar essas façanhas milagrosas.

O New York Times relatou um estudo semelhante em cães em dezembro de 2005. Depois de ter seu sangue drenado e entrar em parada cardíaca, os cães foram bombeados cheios de uma solução salina fresca. Clinicamente, os médicos diriam que os cães estavam mortos, mas após três horas, a solução salina foi substituída por sangue e os cães foram aquecidos. Eles sobreviveram. É importante ressaltar que eles não pareciam sofrer de nenhum déficit neurológico grave.

LEIA TAMBÉM: O cérebro pode se recompor depois que metade dele é removido

Uma coorte de 20 pacientes será incluída no estudo – 10 receberão EPR, 10 não. Pacientes com trauma não podem consentir em participar do estudo, mas a US Food and Drug Administration aprovou o estudo desde que não haja tratamento alternativo, ao mesmo tempo em que consulta com membros da comunidade e permite que qualquer pessoa opte por não participar, se assim o desejar.

Nenhum resultado foi divulgado, mas o estudo foi discutido em um simpósio na Academia de Ciências de Nova Iorque na segunda-feira, revelando que equipe havia testado a técnica de animação suspensa em um paciente. A data de conclusão do ensaio clínico esperada é dezembro de 2019, com resultados completos esperados até o final de 2020.

FONTES / Cnet / The New York Times

Compartilhar