Adorar as celebridades tem impacto negativo na cognição

Lorena Franqueto
Imagem: Domínio Público

O culto às celebridades, conceito popularizado no final do século XX, é o interesse exacerbado em pessoas famosas. Não é novidade que a obsessão por famosos ou pessoas ricas consome o tempo das pessoas. No entanto, estudo publicado em 2021, na BMC Phychology, demonstrou que adorar as celebridades tem impacto negativo na cognição humana.

A avaliação do impacto negativo de adorar as celebridades

A pesquisa teve como principal objetivo a avaliação da associação entre a adoração de celebridades e as habilidades cognitivas em adultos húngaros. Além disso, investigar a explicação para tal relação entre as variáveis.

Para isso, a modelo da metodologia foi o estudo transversal, no qual mais de 1.700 pessoas responderam a pesquisas online. Os resultados consistiram numa amostra predominantemente masculina (quase 70%) e um média de idade de 37 anos. Vale ressaltar que estudos transversais investigam situações em um tempo específico.

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Imagem: westphotoandvideo/Pixabay.

Para avaliação das variáveis, os pesquisadores executaram quatro testes com os participantes, bem como o relato do perfil sociodemográfico geral. São eles: Teste de Vocabulário, Teste de Símbolo de Dígito Curto, Escala de Atitude de Celebridades (compreende o nível de obsessão por uma celebridade) e Escala de Autoestima de Rosenberg.

Com isso, o primeiro teste avaliou o vocabulário das pessoas e a sua inteligência cristalizada, ou seja, analisou a interação dos conhecimentos adquiridos com os aspectos culturais. Já o segundo procedimento, verificou a inteligência fluída, mais relacionada com fatores genéticos e o desenvolvimento do indivíduo.

Por fim, pelos modelos utilizados, os estudiosos revelaram que a adorar as celebridades tem impacto negativo na cognição. Isto é, pessoas com maior adoração obtiveram desempenho menor nos testes cognitivos, mesmo considerando os fatores sociodemográficos. No entanto, infelizmente, os autores não conseguiram explicar a relação entre essas variáveis, apenas comprovaram que há uma correlação entre elas.

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Imagem: tjevans/Pixabay.

Limitações do estudo

O modelo da metodologia, estudo transversal, considera apenas o momento exato, sem considerar fatores prévios ou posteriores. Por isso, não é capaz de confirmar que a adoração as celebridades provocou diminuição das capacidades cognitivas, ou seja, apenas há uma correlação – ainda que fraca – entre essas variáveis.

Segundo os autores, essa redução da inteligência relaciona-se com o alto nível de atenção e foco destinado aos ídolos, como acompanhar nas redes sociais, buscar notícias e fofocas e outras atitudes. Também é possível que pessoas “mais inteligentes” entendam as estratégias de marketing por trás de celebridades e não se submetam a tal adoração.

Além disso, geralmente testes de autorrelato – como os utilizados – trazem um viés para a pesquisa, uma vez que depende de questões subjetivas dos participantes, bem como são passíveis de deficiências de memória.

Sendo assim, são necessárias mais pesquisas para identificar se a obsessão por famosos é a causa ou a consequência de baixa cognição. Inclusive, outros fatores que afetam o desempenho cognitivo devem ser considerados nos futuros estudos.

Em resumo, é possível que adorar famosos esteja relacionado com alterações na inteligência. Mas intervenções drásticas, como abandonar hábitos de checagem em mídias sociais, ainda deve ser indicado com cautela pelos profissionais da saúde e considerando sempre as demais atitudes do indivíduo.

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